Situada onde hoje se encontra o Largo D. Manuel Trindade Salgueiro e de contexto hexagonal, foi mandada edificar no princípio do Séc. XVIII pelo Padre João Martins dos Santos. Na altura, rezava lá a missa o Padre Augusto, sendo sacristão o Ti Zé Rexina, servindo, também, de sede, à Confraria dos Franciscanos, responsável pela imponente Procissão das Cinzas, cujo sermão era feito da varanda do prédio de João Linguiça, na Praça da República. Era à sua volta que os nossos antepassados faziam o mercado!
Nesta capelinha, o Sr. Rocha, zelador municipal, tocava o SINO DA RONDA, dando o sinal, ao anoitecer, para que os estabelecimentos encerrassem e os menores recolhessem a suas casas (Ordenação para os municípios do país, implementada pelo Rei D. Manuel I). In Costumes e Gente de Ílhavo - Diniz Gomes
A Capela das Almas recolhia as imagens de São Gonçalo, Santo António, Santo Ivo, Santa Clara e duas de S. Francisco, que se incorporavam, com excepção das duas primeiras, na tradicional Procissão das Cinzas.
Sto. António (Igreja Matriz)
O retábulo principal e Santo António encontram-se na Igreja Matriz; São Gonçalo, que depois de demolida a capela andou perdido até 1950 , foi restaurado e encontra-se na Capela de N. S. do Pranto; as esculturas de roca do S. Francisco das Chagas e de S. Francisco da Cruz estão no núcleo museológico da Igreja Matriz , bem como um catafalco e uma cruz funerária.
Nos finais de 1910 surge na imprensa Ilhavense uma acesa polémica sobre a Capela das Almas, defendendo uns a sua demolição, outros a sua manutenção. Estava-se no advento da República, alastrando por todo o país inúmeras perseguições religiosas.
A demolição da Capela das Almas foi resolvida em sessão camarária de 21 de Dezembro de 1910, sendo presidente Eduardo Craveiro e vogais José António Paradela, Júlio Marques de Carvalho, Domingos Gago, José Ramos e Carlos dos Santos Marnoto, com o fundamento de que ameaçava ruína e prejudicava a estéctica da vila. Assim, a 13 de Fevereiro de 1911 começam os trabalhos da sua demolição, adjudicada a Henrique A. de Abreu e Domingos Vieira pela quantia de 140$000 Reis, constatando-se que, afinal, a Capela não se encontrava em vias de ruir. Todo o seu soalho e portas foram vendidos por 2.400 Reis! No seu lugar, surgiram estes novos mercados: