Marcílio da Rocha Perulo ( 1912 - 1994 )
Nasceu na Rua Serpa Pinto em 02-12-1912, filho de João da Rocha Perulo, barbeiro e Maria Amália Bonito, doméstica, neto paterno de António da Rocha e Joana de Jesus Perulo e materno de João Fernandes Parracho e Joana Rosa Bonito. Casou com Maria de Jesus dos Santos, natural de Belém do Pará, Brasil, em 16-06-1945. Figura carismática e popular de Cimo de Vila, era o farrapeiro da época. Sempre com um saco na mão, e um cigarrinho de enrolar nos lábios, recolhia papel pelas ruas e casas da vila, vendendo-o de seguida e mantendo assim, a sua subsistência. Faleceu em 27-03-1994, com 81 anos de idade, estando sepultado na parte nova do Cemitério de Ílhavo.
Manuel Marques Damas ( 1892 - 1981 )
Nasceu na Rua da Lagoa em 17-03-1892, filho de João Francisco Damas e Maria Emília Marques, neto paterno de António Francisco Damas e Teresa da Rocha e materno de Luís Francisco da Picada e Maria Nunes Marques. Do casamento em 08-05-1926 com Maria Bárbara da Rocha Freire, professora Primária, filha de Francisco da Rocha Freire e Emília Rosa de Jesus, tiveram os filhos Manuel Damas, oficial da Marinha Mercante, e as professoras Maria Betina, Maria Bárbara, Maria Joaquina e Ermelinda Freire Marques Damas. Com Manuel Simões Chuva e Prof. José Pereira Teles, esteve no lançamento do projecto “O Ilhavense”, que veio a tomar forma definitiva em 1921, por vontade de Pereira Teles. Era Eng.º pela Universidade de Gand, na Bélgica e licenciado em físico-matemáticas pela Universidade do Porto. Comandante dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, entre 1922 e 1923, era proprietário, editor e director do “Jornal de Ílhavo”, fundado em Abril de 1934 e professor de Matemática na Escola Fernando Caldeira em Aveiro. Foi o autor do projecto do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, no Jardim Henriqueta Maia, sendo executado pelo escultor António da Silva Fidalgo. Lutador toda a sua vida, foi um grande apaixonado pela sua terra. Faleceu em 07-07-1981 com 89 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
Alcides José Sacramento Marques ( 1930 - 1990 )
Nasceu em Ílhavo a 30-03-1930, filho de Remígio Sacramento Júnior e Georgina Ramalheira Marques, neto paterno de Remígio do Sacramento e Maria Nunes de Barros e materno de Guilherme Marques e Josefa Maria de Jesus. Sendo o mais novo de seis irmãos, era mais conhecido na família, pelo Zeca. Em Ílhavo fez a Escola Primária, tendo como professor, o seu tio avô materno João Marques Ramalheira (Guilhermino), até ingressar no Liceu José Estêvão, em Aveiro. Concluído o Curso Complementar de Ciências, ingressou na Escola do Exército, na Arma de Infantaria. Era um homem de gostos simples, um amante da natureza, do mar, da ria e como ele gostava da Costa Nova, duma tarde a velejar e dum passeio pelas aldeias do Vouga. Do casamento com Elvira Caetano em 1954, nasceram os filhos Maria Madalena Caetano Sacramento Marques, Gina Maria Caetano Sacramento Marques, José Guilherme Caetano Sacramento Marques e Elvira Caetano Sacramento Marques. Cumprindo o seu juramento de fidelidade à Pátria, a quem prometia respeitar e servir, mesmo com sacrifício de vida, realizou várias missões militares em Angola, Guiné e Moçambique e durante toda a sua vida, manteve inalterável a fé nos valores que, coerentemente defendia, da Liberdade e da Democracia. E colocando em práctica o seu saber, juntou-se a todos aqueles que desinteressadamente fizeram o 25 de Abril. Em Abril de 1974 era Comandante do Centro de Instrução e Operações Especiais de Lamego e cooperou com o Movimento das Forças Armadas, fazendo avançar para o Porto, uma Companhia de Caçadores Especiais. Ao longo da sua vida, Sacramento Marques foi diversas vezes homenageado, antes e depois do 25 de Abril, tendo sido louvado por aquilo que deu aos outros, amizade, lealdade, modéstia, inteligência e correcção, o método, a disciplina, a iniciativa, a sobriedade, o sentido de oportunidade, a honestidade, o comando, chegando a ser chamado “O Instrutor Perfeito”. Em 01-03-2006 o Coronel Sacramento Marques foi condecorado a Título Póstumo com a Ordem da Liberdade (Grande Oficial), pelo Presidente da República Dr.º Jorge Sampaio. Além desta condecoração, recebeu, entre outras, a “Medalha de Prata de Serviços Distintos com Palma” e a “Medalha de Ouro de Comportamento Exemplar”. Colaborou nos anos oitenta na redacção e investigação do “Guia do Terceiro Mundo”, cadernos dedicados à economia, história, geografia e política dos países não industrializados, marginalizados do desenvolvimento e no Boletim “O Referencial” da Associação 25 de Abril, onde à data da sua morte 08-06-1990, era seu Director. Está sepultado no Cemitério da Amadora.
(Esposa de Alcides José Sacramento Marques, Elvira Caetano Marques)
(Texto de Manuel José Sacramento Craveiro Guerra, adaptado)Jaime da Naia Sardo ( 1931 - 2017 )
Nasceu em Aveiro, a 26-03-1931, filho de João da Naia Sardo e Maria da Luz Pinho Vinagre. Durante 27 anos esteve em Angola, assumindo a chefia dos serviços dos CTT, regressando após a descolonização e passando a viver em Ílhavo. Do casamento com Georgina Maria Pinho de Oliveira Sardo em 10-03-1962, nasceram os filhos Anabela, Sónia e Belarmino. Aveirense dos sete costados e sócio Nº 2 do Clube dos Galitos adorava falar das façanhas deste seu Clube do coração. Quem com ele privou, rapidamente se apercebeu da sua integridade, honestidade e convicções. As conversas eram longas, apetecíveis, sensatas, mordazes e nem o passar do tempo, se notava! Foi deputado municipal, fez parte das listas do CDS, sendo presidente concelhio e dirigente distrital deste partido e mais tarde, integrou as listas do PS. A sua independência nunca esteve em causa, lutando muitas vezes por aquilo que pessoalmente achava mais correcto, deixando de parte, o que o partido preferia. Um homem bom, que deixou muitas saudades! Faleceu em 07-09-2017 com 86 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Esposa de Jaime da Naia Sardo, Georgina Maria Pinho de Oliveira Sardo)
Fausto Sacramento Marques ( 1917 - 1998 )
Nasceu em Ílhavo, Rua do Pedaço, em 29-08-1917, filho de Remígio Sacramento Júnior e Georgina Ramalheira Marques, neto paterno de Remígio do Sacramento e Maria Nunes de Barros e materno de Guilherme Marques e Josefa Maria de Jesus, sendo sobrinho do Prof.º João Marques Ramalheira. Era irmão de Maria Georgina, Judite Sacramento, Sílvia Maria (Bibia), Alcides José e Manuel Sacramento. Do casamento em 01-12-1946, com Aida Gameiro Guedes dos Santos, nasceram os filhos Maria do Rosário dos Santos Sacramento Marques, Maria Manuela dos Santos Sacramento Marques, Manuel dos Santos Sacramento Marques e Maria Isabel dos Santos Sacramento Marques, passando a viver em Santarém. Depois dos estudos liceais, frequentou o Instituto Superior de Agronomia, na Tapada da Ajuda em Lisboa, licenciando-se em Engº. Agrónomo e assumindo altos cargos no Ministério da Agricultura, chegando a Inspector Superior deste Ministério. Foi também presidente da Junta de Colonização Interna e da Feira Nacional de Agricultura. Depois do 25 de Abril, desempenhou o cargo de Governador Civil de Santarém (1974-1980), sendo também deputado à Assembleia da República, pelo Partido Socialista. Era um excelente conversador e de uma ironia sarcástica! Nunca esqueceu a sua terra que o viu nascer, contando histórias doutros tempos. Com a sua persistência, a ele se deveu a passagem dos terrenos, hoje ocupados pela Zona Industrial da estrada da Mota, para a Câmara Municipal de Ílhavo. Tem em Abrantes, uma Rua com o seu nome. Faleceu em 03-09-1998, estando sepultado no Cemitério Municipal de Santarém.
(Esposa de Fausto Sacramento Marques, Aida Gameiro Guedes dos Santos)
Manuel Baptista Gomes ( 1911 - 1980 )
Manuel Baptista Gomes, nasceu na Travessa da Fontoura, no dealbar da Implantação da República, a 23 de fevereiro de 1911, filho de Jerónima de Almeida Gomes e António Baptista Russo (descendente dos reputados empresários Baptista Russo, que trouxeram para Portugal a BMW), neto paterno de Manuel Baptista Russo e Maria Joana da Encarnação e materno de Joaquim Manuel Godinho (natural de Alter do Chão) e Joaquina de Almeida Gomes. Do casamento com Violinda Fernandes Almeida Gomes, (1925 – 2016), 13 anos mais nova e enfermeira particular de sua mãe, nasceram os filhos Carlos, Victor e Arnaldo. Fez vida em Ílhavo e, à nossa nobre Terra, deu de si tanto quanto pode. Falamos de um ilhavense que, por tudo quanto fez, deve, ser sempre lembrado. Conta-nos Arnaldo Gomes, filho, que era uma família feliz e que seu pai terá sido um bom e terno “Homem da Casa” que gostava de afagar e surpreender esposa e filhos, mimando cada um deles como se fosse o único. O “Pai de família” terá investido na formação dos seus filhos, sem exceção, que viriam a estudar em colégios privados portugueses de renome. Na história da fábrica da Vista Alegre viria a inscrever o seu nome, tendo a esta empresa dedicado mais de meio século de devoção enquanto pintor de louça (1926-1980). Foi um artista dedicado e que se apresentava no trabalho mesmo que a saúde estivesse em falta. Pelos desfavorecidos, terá também feito horas-extra, a fim de colaborar com organizações locais de caridade. Seu filho, Arnaldo Gomes, lamenta que o louceiro de casa, pintado e assinado pelo seu pai, tenha sido roubado a quando do internamento de sua mãe. Hoje, carece de “memórias físicas”, digamos assim, que sejam símbolo e prova do talento do Homem que nos apresenta e de quem se orgulha de ser filho. Artista multifacetado, Baptista Gomes terá sido, também, membro de uma banda de música local que, segundo se consta, terá tocado no Hotel da Curia, algo meritório na época. Manuel Baptista Gomes viria a ficar para a posteridade como importante dinamizador da arte e cultura local, sendo um dos fundadores da Rádio Faneca. Em 1946 Adamastor da Silva, Manuel Baptista Gomes e outros, fundaram a primeira cabine sonora em Ílhavo. Chamava-se Cabine de Publicidade Ilhavense - CPI e situava-se entre o Atlântico Cine Teatro e a Garagem dos Vizinhos. É com grande emoção que Arnaldo Gomes relembra o último Adeus a seu pai, num episódio que teve lugar no aeroporto Francisco de Sá Carneiro - à época, aeroporto Pedras Rubras: Ciente das tragédias da guerra do ultramar, lamentável acontecimento histórico que tantas famílias vitimou e arruinou por todo o país, o reputado ilhavense terá temido pela integridade física e psicológica de seu filho, librando-o, assim, da tropa. A solução passaria pela emigração para a América do Norte e a despedida aconteceu, como referido, no aeroporto mencionado. Arnaldo Gomes, na altura muito jovem, viu, pela primeira vez, as lágrimas correr pelo rosto de seu pai. Foi, efetivamente, a última vez que se abraçaram, já que Manuel Gomes viria a falecer, pouco tempo depois, no dia de aniversário de seu filho (8 de junho). Note-se a paixão do artista que terá dado o último suspiro dentro da fábrica à qual dedicou a vida, sentado na sua mesa de trabalho. Enfatizemos os admiráveis 54 anos de serviço. Ainda residente na América do Norte, Arnaldo Gomes guarda, desde então, o bilhete de identidade de seu pai e, com ele, a memória do grande Homem que foi e que gostaria de ver lembrada e devidamente glorificada. Com grau de Mestre em Capitania pela US Coast Guard e Investigador Criminal desde 1982, Arnaldo Gomes foi atleta internacional e representou o seu clube de coração, o Illiabum, na famosa maratona de Boston. Nessa maratona terá participado entre 1998 e 2003. Manuel Baptista Gomes faleceu em 02-06-1979, com 68 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Texto de Gonçalo Vidal, adaptado)João Esteves de Almeida ( 1920 - 2015 )
João Esteves de Almeida nasceu no dia 2 de Junho de 1920 na Vista Alegre. Pintor cerâmico de primeira, trabalhou a vida toda na Fábrica de Porcelanas da Vista Alegre, onde chegou a Encarregado da secção de pintura. Concluiu o antigo 5º ano na Escola Comercial e Industrial de Aveiro, frequentando as aulas à noite. Foi actor, começou a representar com apenas nove anos. Pintou cenários, fez de contra-regra, encenador, escreveu quadros de revista, foi ensaiador de pequenos e graúdos e fez adaptação de peças. Tudo no Grupo de Teatro Ribalta da Vista Alegre. Na década de sessenta teve um convite do grande actor e empresário Erico Braga para ir trabalhar no Parque Mayer. Recusou por ter a vida organizada na Vista Alegre e o seu amor pela sua terra falou mais alto. Uma das suas grandes paixões foi a pintura. Fez diversos trabalhos em porcelana, azulejos e telas, estas a óleo. É o autor da letra do Hino da Vista Alegre com música de José Vidal, popularizada pela Rosa Maria Figueiredo. Escreveu muitas letras que foram musicadas por diversos músicos principalmente Armando Carlos e José Vidal. Participou em diversos festivais da canção como autor de letras das canções: “Errante”, “Dias de Hoje”, “Noite Que Nunca Vivi”, “Além do Arco Iris”, entre muitas outras. Era um excelente declamador. No ano 2000 gravaram-se num cd não comercializado e feito artesanalmente por João Balseiro, poemas da sua autoria, bem como de poetas como: Florbela Espanca, Júlio Dantas, José Gomes Ferreira e António Lopes Ribeiro. Em 1997 foi galardoado com o Leme do Teatro atribuído pela Associação Cultural e Desportiva “Os Ílhavos”. É um dos autores representados na Antologia de Poetas Ilhavenses organizada por Jorge Neves. Editou os Livros: “Poemas” no ano de 1992; “A luz branca do luar” em 1995, que é um livro de memórias; “Poemas” em 2001; “Fascinação” no ano de 2007 e por último “Vista Alegre – a minha terra” em 2008, onde publica a história do Bispo D. Manuel de Moura Manoel, da Capela da Nossa Senhora da Penha de França, entre outras histórias do lugar e das suas gentes. De realçar que neste seu último livro vem publicada a certidão de nascimento do Bispo D. Manuel de Moura Manoel. Faleceu com 95 anos no dia 17 de Setembro de 2015. Está sepultado no cemitério de Ílhavo talhão Nº 2 Sep. Nº 153.
(Texto de João Balseiro)
Fontes: Arquivo e Biblioteca do Jornal “O Ilhavense”, Biblioteca da Associação Cultural e Desportiva “Os Ílhavos”, Arquivo Pessoal João Balseiro, José Sacramento, João de Almeida (filho), Antologia de Poetas Ilhavenses organização de Jorge Neves e “Vista Alegre – a minha Terra” de João Esteves de Almeida.David Rocha (1897 - 1944)
Muito pouca informação chegou aos nossos dias, deste nosso conterrâneo David Rocha. Vai-nos valendo o Arquivo do Jornal “O Ilhavense” para fazermos uma pálida ideia deste, e de outros dos nossos antepassados. David Rocha nasceu em Ílhavo no ano de 1897. Depois de concluir a antiga quarta classe, foi estudar na Escola Normal e seguidamente no Seminário de Coimbra. Não se chegou a ordenar padre. Escreveu versos para diversos jornais e revistas. Foi colaborador do jornal “O Ilhavense” onde publicou muitos dos seus versos. Outro dos jornais onde publicou foi o Jornal de Estarreja onde era muito considerado. Colaborou na revista Ilhavense “Costa Nova”. Fez parte da Direcção da revista “Terra dos Ílhavos” editada em 1920 onde também publicou versos. É o autor da letra do Hino da Mocidade Portuguesa de Vila Real de Santo António. No ano de 1942 um grupo de amigos reuniu e publicou o seu único livro “David Rocha e os seus poemas”. Morreu, escassos dois anos depois da publicação do livro em Abril de 1944 na Vila de Leça do Balio, concelho de Matosinhos, onde se encontra sepultado.
(Texto de João Balseiro)
Fontes: Arquivo e Biblioteca do Jornal “O Ilhavense”, Biblioteca Municipal de Ílhavo, José Manuel Sacramento
Ascêncio de Freitas (1926 - 2015)
Ascêncio Gomes de Freitas nasceu no dia 3 de Agosto do ano de 1926 no Forte da Barra na Gafanha da Nazaré onde residiu até 1949. Exerceu várias actividades: administrador, desenhador industrial, pintor de cartazes, criador de gado, caçador profissional, entre outras. Com 22 anos, partiu para Moçambique, onde viveu durante trinta. Em 1978, regressou a Portugal, estabelecendo-se em Setúbal. Colaborou em jornais e revistas, tais como A Voz de Moçambique, Paralelo20 e África. Publicou o seu primeiro livro, Cães da Mesma Ninhada, em 1960. Seguiram-se depois vários títulos dos quais se destacam África Ida e Volta (1978), À Boca do Passado (1981), Crónica de D. António Segundo (1983), Cármen Era o Nome (1996), Na Outra Margem da Guerra (1999), Mentiras, Elefantes e Etcérera (2000) e Estória do Homem que Comeu a sua Morte (2002). Em 1999, foi bolseiro do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, o que lhe permitiu escrever o romance A Paz Enfurecida (2003). Diversas publicações Moçambicanas publicaram colaborações suas nomeadamente contos. Recebeu vários prémios literários entre os quais: o Prémio Vergílio Ferreira, em 1999, pela sua obra A Reconquista de Olivença, o Prémio PEN Club Português, em 2000, pelo livro O Canto da Sangardata, no qual apresenta uma crítica ao tempo colonial e pós-independente da história de Moçambique, e o Prémio Literário Ferreira de Castro da Câmara Municipal de Sintra, em 2002, com a obra A Noite dos Caranguejos. Tinha pleno domínio da linguagem e com um grande sentido estrutural, as suas narrativas evocam, com um realismo arrebatador, as terras e o quotidiano africanos. Ascêncio de Freitas nunca se esqueceu da sua terra, vinha com frequência à Gafanha da Nazaré. A Câmara Municipal da Amadora prestou-lhe uma significativa homenagem. Em 8 de Julho de 2015 a ADIG (Associação para a defesa dos interesses da Gafanha) deslocou-se a Setúbal para lhe prestar uma sentida e reconhecida homenagem. É um dos autores que integra a antologia “Os anos da Guerra 1961 – 1975” Os Portugueses em África Crónica, Ficção e História no Vol. II pág. 37 organização de João de Melo. Morreu na Amadora no dia 23 Agosto de 2015. Foi cremado e as suas cinzas repousam no Cemitério da Gafanha da Nazaré.
(Texto de João Balseiro)
Fontes: Arquivo Distrital de Aveiro, Biblioteca Municipal de Ílhavo, Livro “Os Anos da Guerra 1961/1975” – organização de João de Melo e Humberto Rocha (ADIG), Leopoldo da Rocha Oliveira.
João Ferreira Amador (1899 - 1976 )
Nasceu em Pardilhó a 09-04-1899, filho de André Ferreira do Couto e de Joana Maria da Silva, lavradores, neto paterno de José Ferreira do Couto e Ana Valente de Almeida e materno de António Rodrigues Amador e Ana da Silva dos Santos. Do casamento com Prazeres Custódia Gordinho em 10.07.1926, nasceram os filhos Domingos Custódio Ferreira Amador, Maria Ferreira Amador (faleceu com 2 meses de idade), João Reinaldo Ferreira Amador, Manuel Cândido Ferreira Amador, Carlos Duarte Gordinho Amador e Licínio Ferreira Amador. Primeiro, foi tentar emprego na América, mas regressou muito cedo, por dificuldades de inserção, depois trabalhou na Companhia Aveirense de Moagens e, finalmente estabeleceu-se na Loja dos Amadores. Conhecido comerciante ilhavense, sócio-gerente da firma "Amadores e Filhos", no centro da então vila, na dita "garganta do Amador". Enviuvou em 21.12.1965, tendo casado de novo, em 1970, com Balbina Baptista Chaves Amador, de quem não teve descendência. Faleceu em 8.10.1976, com 77 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Esposa de João Ferreira Amador, Prazeres Custódia Gordinho)
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes com João A. Ramalheira)
José Nunes Morgado ( 1915 - 1980 )
Nasceu na Rua do Casal em 01-07-1915, filho de Manuel Francisco Morgado e Maria da Luz Catôa, neto paterno de José Francisco Morgado e Luísa Nunes da Graça e materno de João Nunes da Fonseca e Joana de Jesus. Do casamento com Maria Fernanda Rocha Morgado em 31-10-1941, nasceram os filhos Maria José e Fernando José. Trabalhou na Fábrica da Vista Alegre, mas o seu maior prazer era a Música Nova, Banda Bombeiros Voluntários de Ílhavo. Começou como executante, tendo aprendido a arte com Manuel Lavado, José Carola e José Pedro de Melo, passando mais tarde a Maestro da banda, cargo que desempenhou durante 27 anos, preparando cerca de centena e meia de executantes, além de ter conseguido um fardamento novo e um instrumental completo. Foi no seu tempo que a Banda adquiriu uma casa própria para sede da Associação, nos Sete-Carris. Em 18-04-1971 foi alvo de uma justa homenagem, que teve lugar na nova sede, sendo descerrado o retrato de José Morgado e usaram da palavra o então Prior António dos Santos, Silvério Damas, José Crua Branco, Joaquim Simões Teles, Palmiro Peixe e o homenageado. No final, José Morgado foi acompanhado a casa pelos presentes e pela Banda. Faleceu em 25-10-1980 com 65 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Esposa de José Nunes Morgado, Maria Fernanda Rocha Morgado)
Bento da Cunha
Natural de Montalegre, estabeleceu-se em Ílhavo nos anos 50, com um pavilhão de farturas e jogos, num terreno por detrás do Solar de Alqueidão, na actual Av. 25 de Abril, nessa altura ainda sem moradias. Viria a construir um prédio, onde ainda se encontra a Residencial Galera, explorando um Restaurante, Café, Salão de Jogos e Residencial. Mais tarde e já com algum cansaço, cedeu o rés-do-chão e cave, a um Banco comercial, apenas gerindo a Residencial. Era um homem bom, honesto, tendo apoiado várias organizações Ilhavenses. Faleceu em 04-10-1998, com 89 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
José Velha Namorado Ramalheira
Pessoa muito estimada e afável, trabalhou durante vários anos na Fábrica da Vista-Alegre. Colaborou em várias Associações Ilhavenses, Illiabum Clube, Associação Columbófila, Jornal O Ilhavense, entre outras e fez parte dos órgãos da Junta de Freguesia de S.Salvador. Com jeito para o teatro, fez um dueto com Manuel Teles, numa das edições do Vip-Vip, espectáculo organizado pelo Illiabum Clube, no Salão Paroquial em 1968. Filho de Isauro Oliveira Ramalheira e Guilhermina Paula Namorado, faleceu em 05-07-1995, com 69 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
Leopoldo Sacramento ( 1897 - 1969 )
Nasceu em Espinheiro em 11-08-1897, filho de Manuel do Sacramento e Inocencia Pereira do Sacramento, baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, neto paterno de Tomé Sacramento e Ana da Bittera e materno de Manuel Marques de Carvalho e Josefa Pereira de Jesus, sendo padrinho Leopoldo Correia Mourão, estudante e madrinha N.S. do Rosário. Foi proprietário duma muito conhecida Barbearia, no Largo do Oitão, frequentada, sobretudo, pelo Capitães de Bacalhau e onde se sabiam todas as novidades da vila, nesse tempo. Era um fervoroso fotógrafo amador. Passou os últimos tempos da sua vida no Lar de S. José, onde faleceu em 20-01-1969, solteiro, com 70 anos de idade, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
Maria do Céu Carlota Teles ( 1918 - 2011 )
Nasceu
em Maçãs de Dona Maria, Alvaiázere em 1918, local onde na época se encontrava a
leccionar seu pai, Prof. José Pereira Teles, tendo vindo para Ílhavo, com 8
anos de idade, em 1926. Foi, durante vários anos, Auxiliar de Acção Educativa,
na altura com a designação de Contínua, na Escola Nº 1, da Rua Ferreira Gordo,
desempenhando a função duma forma meritória. Teve um papel relevante como
costureira, aquando da realização da Revista Infantil A Nossa Escola, de
autoria de seu pai, que se estreou em 08-12-1933 no antigo Teatro Municipal, em
Cimo de Vila e que obteve um grande êxito, não só em Ílhavo, como noutras
localidades onde se exibiram. Foi sócia da empresa que detinha o Jornal O
Ilhavense. Faleceu em 30-01-2011, com 92 anos, estando sepultada no Cemitério de Ílhavo.
Nasceu em Ílhavo no ano de 1929, filha do Prof. José Maria Pereira Teles e Ascensão Carlota Teles, neta paterna de António Maria Pereira Teles e Joana da Silva Paroleiro e materna de António Fernandes Bio Júnior e Rosa do Lau. Mais conhecida por D. Marilinha, a sua vida foi, prácticamente, dedicada ao Jornal de seu pai, O Ilhavense, onde assumiu as funções de Administradora. Concluiu o Curso pela Escola do Magistério Primário do Porto em 12-08-1952, tendo lecionado nas seguintes escolas, Gafanha da Encarnação, Légua, Murtosa, Santo André (Vagos), Gafanha da Boa Hora, Gafanha de Aquém, Ílhavo, Fonte de Anião, Cabecinhas, Areão, Covão do Lobo, Sanchequias, Vigia e Quintã. Aposentou-se em 27-02-1993. Senhora duma simpatia inusitada e sempre com um sorriso enternecedor, estava sempre disponível para contar as coisas antigas do nosso Ílhavo, com a sua memória prodigiosa. Estava sempre disponível para facultar os documentos e fotos antigas, dos acontecimentos de outrora. Serviu sempre duma forma desinteressada o “seu” Jornal, fundado pelo seu pai, sobretudo nos momentos mais difíceis, que ajudou a vencer. Deixa saudades a D. Marilinha. Faleceu em 05-12-2013, com 84 anos, estando sepultada no Cemitério de Ílhavo.
Cândido Rocha ( 1901 - 1938 )
Filho de Berardo da Rocha Carola e Ângela Alves Bonjardim, nasceu em Brotas, Baía, Brasil, em 09-09-1901, já que seu pai tinha emigrado, como aconteceu com muitos Ilhavenses nesse tempo. Era neto do grande compositor, maestro Ilhavense, João da Rocha Carola, que se notabilizou, sobretudo, como compositor, por excelência, de Música Sacra. Veio para Ílhavo ainda muito novinho, não tendo sido possível descortinar, quem o educou durante a infância. Foi o fundador do Café Cândido e de uma barbearia, na Rua Arcebispo Pereira Bilhano, que mais tarde passaram para o filho, Cândido de Oliveira Rocha. Teve como funcionário, o conhecido Teodoro dos Santos Redondo, homem muito zeloso, cumpridor e que impunha o respeito aos fregueses. Era um homem de mãos abertas, auxiliando sempre os menos favorecidos. No seu Café tinha reservada uma onça de tabaco, que oferecia à rapaziada que não possuía 1 tostão, para comprar um cigarro. Dominava muito bem o bandolim, tendo ensinado no café, muitos fregueses a tocar este instrumento. No rés-do-chão do antigo Museu na Rua Serpa Pinto, (anos 20/30), chegou a alugar um Café/Clube com o nome de Recreio Artístico/e Recreio Ilhavense. Tinha uma orquestra privativa que animava os bailes, sendo trespassado em Maio de 1931, para os Bombeiros de Ílhavo. Mais tarde é Henrique Rato, baterista do Liberdade Jazz, que fica com o estabelecimento. Esta casa de recreio, tinha um regulamento próprio e os utentes só o poderiam frequentar, mediante o pagamento de uma cota. Foi sempre muito estimado por todos, tendo em conta o seu carácter, sobretudo pelos homens do mar, que o admiravam. Do casamento em 21-07-1921, na Igreja Matriz de Ílhavo, com Maria de Oliveira (ambos com dezanove anos de idade), nasceram os filhos Ângelo de Oliveira Rocha (faleceu muito novo), Cândido de Oliveira Rocha, José de Oliveira Rocha e João de Oliveira Rocha. Faleceu em 19-07-1938, com apenas 37 anos de idade, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, junto a seu avô, João da Rocha Carola. Muito povo acompanhou o seu funeral, sendo a urna conduzida pela carreta dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo.
Joana da Silva Paroleiro (A Verónica) ( 1862 - 1951 )
Nasceu em 13-11-1862 na então Rua de Espinheiro, filha de José Gonçalves da Silva e Rita Maria de Jesus e mãe do Prof. José Pereira Teles, Cap. Manuel Pereira Teles e Maria Pereira Teles. Era mais conhecida por Joaninha a Verónica, pois, antigamente, nas celebrações da Semana Santa em Ílhavo, ia sempre na procissão dos Passos, vestida de Verónica. Casou com António Maria Pereira Teles. Era uma pessoa muito respeitada e estimada. Faleceu em 09-03-1951, com 88 anos, estando sepultada no Cemitério de Ílhavo.
António Maria Pereira Teles ( 1857 - 1945 )
Nasceu em Alqueidão, a 17-08-1857, baptizado pelo então Prior José António Pereira Bilhano, filho de Manuel Pereira Teles e Joana Luíza da Fonseca, neto paterno de António Pereira Gateira e Joana Maria de Jesus e materno de Domingos António Labrador e Luíza Nunes da Fonseca, sendo padrinhos António Domingos Labrador e Joana Luíza de Jesus. Casou com Joana da Silva Paroleiro em 04-07-1888, ele com 30 anos e Joana com 25, tendo nascido os filhos Prof. José Pereira Teles, Cap. Manuel Pereira Teles e Maria Pereira Teles. Esteve durantes alguns anos no Brasil, sendo uma pessoa muito bondosa e de espírito alegre. Num funeral muito concorrido, incorporaram-se as Irmandades do Santíssimo Sacramento e Almas e de S. José, todo o clero da vila, alunos da Escola Ferreira Gordo com a sua bandeira, as crianças do Asilo, Oficiais Náuticos com bandeira e representantes dos operários da Vista-Alegre. Faleceu em 01-03-1945, com 88 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
José Manuel Bastos Cachim ( 1936 - 2020 )
José Manuel Bastos Cachim nasceu em Ílhavo no dia 7 de Novembro do ano de 1936. Era filho de João Cachim e de Maria Pinto Bastos Cachim que moravam na Rua Arcebispo Pereira Bilhano também conhecida por Rua Direita. Fez a Instrução primária na nossa cidade e continuou os seus estudos no Liceu Nacional José Estevão em Aveiro. Completou a Licenciatura em Engenharia Mecânica na Universidade do Porto. Do casamento com Maria Alice Figueiredo Barreto, nasceram os filhos Luís Miguel, Paulo e José Rui Barreto Cachim. Era sempre solicitado para fazer versos nos livros de curso mesmo depois de já ter concluído a sua licenciatura. Foi praticante de basquetebol e antes de completar 22 anos foi Campeão Nacional da 1ª Divisão pela Académica de Coimbra na época 1958/1959. Já no Illiabum foi igualmente Campeão Nacional, desta vez Campeão Nacional de Seniores da 2ª Divisão época de 1963/1964. Faziam parte desta memorável equipa do Illiabum, sabiamente treinada por José Ançã e com António Bizarro dirigente; António Rosa Novo, Francisco Ramos e João Resende entre outros. Apresentou várias vezes o Festival da Canção do Illiabum Clube e outros eventos realizados em Ílhavo. Improvisador nato a fazer versos, seria se cantasse, um grande cantador ao desafio. Integrava a Confraria do Bacalhau. A sua boa disposição, o seu jeito de brincar e os seus versos a sair na hora eram presença assídua em todas as iniciativas da Confraria. Era conhecido por Confrade Poeta. Grande defensor das nossas Associações foi dirigente nomeadamente no Illiabum. Era Director da Secção Desportiva na época 1962/1963 em que os Infantis foram Campeões Nacionais. Foi o primeiro título nacional conquistado por equipas do Illiabum. Participava, sempre que lhe era possível, nos eventos das nossas Associações, às vezes com intervenções bem humoradas com os seus versos. Publicou na imprensa regional nomeadamente no Jornal “O Ilhavense”. Ao longo de muitos anos foi fazendo versos e organizando-os em livros que infelizmente não estão editados. Representou pequenos papéis normalmente em duetos como por exemplo “A carta da Mulher de Ílhavo ao filho embarcado” com Maria José Cachim onde se glosavam os termos e o linguajar Ilhavense. Autor da letra de uma das marchas da Malhada no S. João. O saudoso João da Madalena musicou alguns dos seus versos, infelizmente perderam-se essas gravações. Publicou o livro de versos “Há Gaivotas no Mar” em Janeiro do ano de 2005 com edição da Confraria Gastronómica do Bacalhau que se encontra esgotado. No ano de 2015 a Associação Cultural e Desportiva Chio Pó-Pó fez um postal de Natal com uma quadra impressa de Bastos Cachim. Esta mesma Associação realizou, no Mercado de Ílhavo, uma exposição de quadras alusivas ao 25 de Abril de poetas Ilhavenses com uma das quadras da autoria de Bastos Cachim. É um dos autores que figuram na Antologia “Poetas de um Tempo Presente” organizada por José Barreto com edição da Confraria Camoniana para comemorar o Dia Mundial da Poesia 2016. É um dos participantes no CD áudio que acompanha o livro “Palabras co bento no leba” de Domingos Cardoso editado em 2018. Neste disco que tem direcção de Jorge Neves, Bastos Cachim dá voz aos personagens Marinheiro e Homem I. Versos seus foram declamados por Zita Leal, Jorge Neves, José Barreto, João Balseiro entre outros. Tinha um extraordinário sentido de humor que lhe permitia brincar mesmo quando era provocado. Nunca ria dos outros, ria com os outros, o que demonstra bem a sua grande personalidade. Era um homem com uma cultura da nossa terra e das nossas figuras muito acima da média. Faleceu no dia 29 de Novembro de 2020, tinha 84 anos. Está sepultado no Cemitério de Ílhavo Talhão nº 8, campa nº 208.
(Texto de João Balseiro)
Fontes: Arquivo Jornal “O Ilhavense”, Arquivo pessoal João Balseiro, Livro José Ançã e os caminhos do basquetebol Ilhavense de José Cura e Pedro Cura, António Santos e várias conversas com o próprio Bastos Cachim.
Carlos Barreto Bilelo ( 1892 - 1948 )
Nasceu na Rua Serpa Pinto em 29-02-1892, baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, filho de Alexandre Gonçalves Bilelo e Elvira dos Santos Barreto, neto paterno de José Gonçalves Bilelo e Luísa de Jesus e materno de Francisco dos Santos Barreto e Joana Rosa Barreto, sendo padrinhos José Gonçalves Bilelo e Josefina dos Santos Barreto. Trabalhou como ajudante no Registo Civil de Ílhavo e foi combatente da Grande Guerra, descartando o seu trabalho na Vista Alegre, para se incorporar na Expedição às Colónias e a França. Sendo gaseado na guerra, perdeu a visão, razão pela qual teve de abandonar o seu trabalho no Registo Civil. Foi um destacado elemento da Banda dos BVI-Música Nova, que nos Ofícios do seu funeral, na Igreja Matriz, esteve presente com a sua Orquestra. Tinha casado com Olívia da Rocha Peixe, em 09-07-1921. Faleceu em 14-04-1948 com 56 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Olívia da Rocha Peixe Barreto, esposa de Carlos Bilelo)
Nasceu em Cimo de Vila, em 12-05-1899, filha de João da Silva Peixe e Joana da Conceição Rocha, baptizada pelo Prior Manuel Branco de Lemos, neta paterna de João da Silva Peixe e Joana Maria de Jesus, e materna de José da Rocha e Joana de Jesus Pagona, sendo padrinhos José da Silva Peixe e Conceição de Jesus da Rocha. Em 09-07-1921 casou com Carlos Barreto Bilelo, sem geração. Senhora muito simpática e conversadora, chegou a ter uma Funerária na Rua Serpa Pinto. Faleceu na Freguesia de Santo Adrião, concelho de Loures, em 07-09-1981, com 82 anos, sendo sepultada no Cemitério de Ílhavo.
(Os meus agradecimentos ao Cap. Carlos Peixe Oliveira pela cedência das fotos)
Paulo Gregório Gateira ( 1899 - 1965 )
Nasceu em Ílhavo, Rua José Estêvão, em 09-11-1899, baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, filho de José Gregório Gateira, marítimo e Justina Pereira de Jesus. Do casamento com Maria Leopoldina Pinto em 14-05-1926, nasceram os filhos Maria Olivete Pinto Gateira, Francisco Paulo, Maria Helena Pinto Gateira, Maria do Carmo Pinto Amador e Olívia Pinto Gateira. Mais conhecido por Paulinho, tinha uma casa comercial logo no início da Avenida Mário Sacramento, trabalhando também durante alguns anos com o Sr.º Elias Gonçalves de Mello, na casa onde antigamente esteve a Pastelaria Sopanilde, na Rua de Santo António. Faleceu em 23-05-1965, com 65 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Grato à D. Olívia Gateira pela cedência da foto)
Fernando Fernandes Parracho ( 1913 - 2004 )
Nasceu em Ílhavo na Rua Direita em 01-05-1913, filho de António Fernandes Parracho e Rita de Jesus, neto paterno de José Carlos Fernandes Parracho e Rosa Marcela e materno de António Cachim e Maria Rosa Maurícia, sendo testemunhas José Maria Teixeira e Manuel dos Santos Malaquias, numa casa mesmo em frente à sede do Illiabum Clube, tendo também vivido com os seus avós na Rua da Capela. Tal como muito dos Ilhavenses, foi descendente de marítimos, sendo seu avô paterno, José Carlos Fernandes Parracho, Arrais dos barcos da companha da Costa Nova e o avô materno, António Cachim, Mestre de navios costeiros. Seu pai, foi Oficial da Marinha Mercante Portuguesa e Brasileira e chegou a escrever vários textos para os Jornais Os Sucessos e Nauta, com os pseudónimos de Celamar e Alecram, que lidos ao contrário, davam Marcela, nome de família. Começou por ser escriturário na Fábrica da Vista Alegre e, mais tarde, na Parceria Geral Bem Saúde em Lisboa. Na altura em que trabalhava na Vista Alegre, chegou a jogar futebol, tendo fracturado uma perna, que lhe valeu 6 meses em casa, sem receber qualquer ordenado. Colaborador do Jornal O Ilhavense, veio mais tarde a desempenhar as funções de Sub-Director em 01-03-1981, durante doze anos. Foi sempre um acérrimo defensor dos interesses da sua terra. Segundo referiu numa entrevista à Rádio Terra Nova, programa Recordar é Viver (06-07-1993), “escreveu mais de uma centena de textos que foram lidos por muitos Ilhavenses, apreciados por uns e reprovados por outros”. Através desses textos, contribuiu para que Ílhavo pudesse ter a Conservatória do Registo Predial e Comarca. Mobilizou várias campanhas, das quais se destacam a compra de mobiliário e angariação de sócios para o Museu Marítimo de Ílhavo, bem como a resolução da então chamada “Garganta do Amador”, no centro da cidade. Publicou alguns livros, dando a conhecer Vultos e Figuras Ilhavenses de destaque e Casos da Terra dos Ílhavos. Faleceu em 06-03-2004, com 90 anos de idade, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
Cândido de Oliveira Rocha ( 1923 - 2019 )
Aos 15 anos ficou sem o pai, Cândido Rocha, tendo começado a trabalhar como barbeiro aos 11 anos e também no café Cândido na Rua Arcebispo Pereira Bilhano. Naquele altura, os principais fregueses do Café Cândido eram os marinheiros. Nesse tempo de crise, filhos de Oficiais e de Americanos, eram os primeiros, muito cedo, a irem ao café pedir um cigarrinho gratuito! O seu pai, homem de mãos abertas, tinha uma onça de tabaco só para ele e uma onça para a rapaziada que não tinha 1 tostão para comprar um cigarro. Nesse tempo poucos compravam um maço de tabaco! Com a falta de dinheiro, a maioria contentava-se com apenas 1 cigarro!! Era no café e na barbearia onde se aprendia a tocar viola e bandolim, com ajuda do pai do sr.º Cândido, que tocava muito bem bandolim. Mais tarde, o filho, chegou a comprar partituras de tangos no Porto a 10 tostões cada, que depois eram tocadas pelo violino do Sr.º João Vidal, cliente assíduo do Café. Nesse tempo as barbearias estavam abertas ao sábado, até à meia-noite! Alguns clientes, em especial os que trabalhavam na Fábrica da Vista Alegre, jogavam dominó até aquela hora e `pela meia-noite é que pediam para cortar o cabelo ou fazer a barba! Teve como funcionário Teodoro dos Santos Redondo, homem muito zeloso, cumpridor e que impunha o respeito, admitindo ter sido o seu braço direito. Era um exímio criador de canários, cujas gaiolas, mantinha no pátio do referido café, alimentando-os à base de gema de ovo cozido. O Café tinha duas bebidas como especialidade e que se vendiam muito bem: o branquinho com areia (vinho branco com açúcar) e a ginja Espinheira. Esta era encomendada aos 100 litros, de Lisboa, em barris, já que nessa altura era o único Café em Ílhavo, que a vendia. Muitos fregueses pediam um “cheirinho” de aguardente, a acompanhar a ginja! Cada café era vendido a 5 tostões e a 3 tostões o bagacinho! No início apenas se vendiam bebidas e só mais tarde surgiu o café, que era feito sem máquina, o saboroso café de saco. Como entretenimento, havia o jogo das cartas e dominó, matraquilhos, ping-pong, bem como o bilhar livre, que chegou a estar no 1º andar da casa. Mais tarde é que surgiu o chamado bilhar Americano (Snooker). Com receio de perder clientela, o Café nunca fechava, trabalhando-se aos fim de semana, bem como nas datas festivas (Natal, Passagem de Ano, Páscoa, etc). Esta situação mudou, quando seu filho João, tomou conta do negócio. Casou-se muito cedo aos 20 anos com Maria Felicidade Chuvas Gordinho, tendo os filhos João Cândido e Maria Cândida. Nasceu em 12-06-1923, filho de Cândido Rocha e Maria de Oliveira e faleceu em 18-02-2019, com 95 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Maria Felicidade Chuvas Gordinho, esposa de Cândido de Oliveira Rocha)
(Pais de Cândido Rocha)
(Texto retirado duma entrevista a Cândido Rocha, em 19-02-2008 na Rádio Terra Nova, programa Flor de Liz, com João Aníbal Ramalheira e Nelson Teles)
Rosa Nunes de Castro (Rosinha Cigana) ( 1914 - 1999 )
Nasceu em Ílhavo na Rua da Lagoa, a 21-10-1914, filha de de Manuel Nunes Castro e Luísa Oliveira Castro. O seu apelido vem dos tempos dos seus pais, que, ao vê-la chegar já de noite, do trabalho, ainda muito novinha, clamavam “Lá vem a minha ciganinha”! E assim ficou para sempre conhecida como Rosinha Cigana. A sua mãe, Luísa, esbelta tricana, ficou perpetuada num azulejo pintado, na Rua Arcebispo Pereira Bilhano, antiga Rua Direita. Com espírito muito lutador, mas de uma bondade extrema, passou por fases muito difíceis da sua vida, sobretudo com a perda de três filhos que tanto amava e num espaço de tempo bastante curto. Residia nos Sete Carris e contraiu matrimónio em 09-01-1935, com Manuel Francisco Corujo, marítimo. Deste casamento nasceram os filhos Maria Vetúria Castro Corujo, António Manuel Castro Corujo, Luísa Manuela Castro Corujo, Maria Teresa Castro Corujo, Mário Júlio Castro Corujo, João Paulo Castro Corujo e Fernando José Castro Corujo. Faleceu em 06-11-1999 com 85 anos, estando sepultada no Cemitério de Ílhavo.
(Familiares de Rosa Nunes de Castro)
Felicidade de Oliveira Quininha ( 1904 - 1934 )
Nasceu na Rua Nova em 16-08-1904, baptizada pelo Prior Manuel Branco de Lemos, filha de João Oliveira Quininha e de Felicidade de Oliveira Quininha, neta paterna de António de Oliveira Quininha e Rita Baptista Chambra e materna de António de Oliveira da Velha e Maria Rosa Baptista de Oliveira, sendo padrinhos João de Oliveira Quininha e Idalina Grilla. A 15 de Janeiro de 1934, sucumbiu aos estragos de uma tuberculose, na rua de Alqueidão, na casa de seus primos, que, desde tenra idade, a albergaram. Era irmã de João de Oliveira Quininha, oficial da Marinha Mercante. Com 27 anos, em vez de viver os sonhos próprios da sua idade, viveu com grande preparação religiosa, na ânsia de deixar o mundo para ir gozar na mansão eterna, o prémio das suas boas qualidades. O funeral foi muito concorrido, incorporando-se as filhas de Maria, as crianças da Cruzada e muito povo. Ainda hoje a sua sepultura é sempre muito visitada pelos fiéis, que ali vão rezar, deixam flores e acendem velas! Encontra-se sepultada no Cemitério de Ílhavo.
(Texto adaptado de Dr.ª Ana Maria Lopes)Manuel Abade (Manel Ceguinho) ( 1902 - 1981 )
Nasceu na Rua do Pedaço às 5 horas da tarde e foi baptizado na Igreja Matriz pelo Prior Manuel Branco de Lemos em 31-08-1902, filho de António Nunes Abade, pescador e Joana de Jesus Caetana, governanta de casa, neto paterno de Tomé Nunes Abade e Maria de Jesus Pinta, materno de Manuel António Bio e Josefa Maria de Jesus, sendo padrinhos Manuel Panela, marítimo e Maria Brites, criada. Os pais haviam casado em 16-08-1893, ambos com 26 anos de idade. Morava numa casinha logo a seguir à casa do S.º João Cachim, hoje Rua Carlos Marnoto. Figura típica da nossa terra, sempre com o seu boné, era um homem pacato, cumprimentando toda a gente, à espera de receber uma esmola para arregimentar um copito! Transcrevemos do Jornal Beira Mar, umas notas sobre o Manuel Céguinho, em 31-07-1926. “Todos os conhecem. O rapazio inquieto brinca com ele, como quem se diverte como uma criança engraçada. Ele está em toda a parte onde houver movimento, festa, actividade. Vagueia perdido por essas ruas, quase sempre sozinho, muitas vezes resmungando um fraseado insípido, que ninguém entende. É o único guarda nocturno de Ílhavo, um guarda nocturno ideal, que não recebe salário. Eh Maneu – gritam os rapazes, quando o vêem ao longe, isolado, repuxando, sofregamente, um cigarro tísico, cigarro de tantos cigarros encontrados pelo chão, inveterado do hálito de tantas bocas. E o Manuel Ceguinho lá vai, falando, pouco, seguindo o seu rumo, que é o rumo de todos aqueles que não sabem donde vêem, nem para onde vão. E um dia teve um grande desejo. Quando as lâmpadas eléctricas da vila apareciam partidas, depois das noites invernosas, quis descobrir os autores da façanha. Talvez nem soubesse para quê, ou porquê, mas quis. Perdeu noites sentado por esses passeios, à chuva e ao frio, para matar aquela bizarra curiosidade do seu espírito. Coitado! Manuel Abade faleceu solteiro no Lar de São José, em 17-02-1981, com 78 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.”
Ângelo Simões Chuva ( 1883 - 1974 )
Nasceu na Rua João Carlos Gomes em 28-11-1883, baptizado pelo Reverendo Augusto Cândido Figueira, sendo padrinhos Joaquim Simões Chuva o Nina e Maria de Anunciação Chibante. Do casamento em 21-08-1909 com Maria Emilia, nasceram os filhos Joaquim, Ângela, Maria Elizabeth, Sofia, Fernanda, Maria Idalina e Eduarda Chuva. Iniciou o seu trabalho na Vista Alegre com 14 anos de idade, sendo, sequencialmente, aprendiz de pintor, Contra-Mestre, Mestre (aos 25 anos) e Chefe das Oficinas de Pintura, dando-lhe estatura de um dos mais consagrados pintores daquela empresa de porcelanas. Tinha outra faceta onde se destacou: o Teatro. Foi actor nas peças D. Dinis, O Regedor das Palhoças e Uma Promessa À Virgem, escritas pelo Dr.º Samuel Maia e levadas à cena em 1905 e 1906, no Teatro da Vista Alegre, O Francês das Notas em 1924, em que também foi caracterizador, compére na revista P´ra Inglês Vêr em 1933, autor dos cenários da Nossa Escola em 1933 e Galeota em 1934, ensaiador da revista Caiu do Céu aos Trambolhões em 1951, encenador da revista Quando o Apito Toca em 1958 e muitas outras. Em 1932 e 1949 foi condecorado com a medalha da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial, com o grau de Cavaleiro e Oficial, respectivamente, em 1949 medalha de Preito e em 1958 com salva de prata, 60 anos de bons serviços. Filho de João Simões Chuva o Nina e Maria Chibante, faleceu em 04-05-1974 com 90 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
Cesário da Cruz ( 1892 - 1978 )
Nasceu em Cimo de Vila a 08-10-1892, baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, neto paterno de Manuel da Cruz e Joana de Jesus, materno de José dos Santos e Rosa Maria, filho de José da Cruz e Maria de Jesus. Casou com Maria Augusta Fernandes em 15-09-1921. Foi professor do Magistério Primário em Rio de Meão (Santa Maria da Feira) e na Gafanha da Encarnação. Escreveu para vários jornais, entre os quais se destacam, O Brado, Os Sucessos, O Povo de Anadia, Correio da Feira, Independência de Águeda, o Riso do Vouga, Beira Mar e Ilhavense. Fez parte da Plêiade Ilhavense e colaborou na revista Terra dos Ílhavos, publicada em 1920. Foi durante vários anos, com o Prof. João Marques Ramalheira, Director do jornal Beira Mar. Faleceu em 18-12-1978 com 86 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
Francisco António de Abreu ( 1897 - 1963 )
Nasceu na Rua Direita em 23-01-1897, baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, neto paterno de Francisco António de Abreu e Maria Emília Salgada, materno de Domingos da Silva Valente e Maria da Rocha, sendo padrinhos José Martins Arroja e Maria da Rocha. Do casamento com Glória Branca Paradela, em 29-04-1922, nasceram os seguintes filhos: Maria Frederico, Idelta Paradela, Henrique António, Francisco Paradela, José Paradela e Waldemar Paradela. Presidente da câmara de 13-11-1947 a 27-11-1951. Além de autarca, foi oficial da Marinha Mercante, amanuense da Administração do concelho de Ílhavo, empreiteiro de obras públicas, armador e gerente de uma empresa de pesca de bacalhau. Homem dinâmico e inteligente, modernizou e reorganizou o Hospital de Ílhavo, implementou o saneamento e tentou a construção de uma ponte entre as Gafanhas e Costa Nova, já com projecto realizado, mas anulado devido à burocracia. Filho de Henrique António de Abreu e Ana Rosa da Rocha Valente, faleceu em 18-08-1963 com 66 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
Samuel Tavares Maia ( 1869 - 1919 )
Foi médico, dramaturgo, aguarelista, poeta, homem de política e democrata republicano, num tempo em que era perigoso ser liberal. Escreveu as peças de teatro “Berenice da Judea”, tragédia em 3 actos, representada pela primeira vez no Teatro da Vista Alegre em 28 de Março de 1903, por funcionários da Fábrica e baseada num conto de Soldanelle, “D. Diniz”, drama em 4 actos levada à cena em 25 de Junho de 1905, no teatro da fabrica da Vista Alegre. Foram intérpretes Henrique Cardoso Figueira, Fernando da Silva, Ângelo Chuva, José Lino, J. Rafeiro, Zulmira da Silva, Conceição Bingre e Silvina Catarino que fez o papel de Rainha Santa Isabel, pela primeira vez que pisou um palco. O pano de boca foi pintado por João Cazaux. No final da representação, foi oferecido pela D. Albertina de Gouveia, ao autor da peça, um bouquet de flores naturais com largas fitas de seda amarela, simbólicas da medicina, tendo preso um bonito alfinete de ouro, “O Regedor das Palhoças”, opereta em três actos estreada a 6 de Agosto de 1905, pelas oito e meia da noite, no teatro da Vista Alegre, com música original de Berardo Pinto Camelo. Num dos intervalos, cantou uma cançoneta Mário Procópio de Carvalho. Esta opereta tinha 17 números musicais de que destacamos, "Variações de clarinete pelo Regedor", "A Marcha das Palhoças", "Talão, Talão, Talim", "Hino do Casório", "Terceto do Pó, Pó, Chim, Chim", e "Grande Quadrilha e Galope Final". No 3º acto Francisco Barreto cantou uma lindíssima area de nome "Sonho d'Amor", musicada por mestre Berardo. Acompanhou a opereta a Orquestra da Vista Alegre e “Uma Promessa à Virgem”, drama marítimo em 3 actos, exibido pelas 16 horas do dia 1 de Janeiro no teatro da Fábrica da Vista Alegre, com música original de Berardo Pinto Camelo. Os preços de ingresso variavam entre os 250 réis para as cadeiras e os 100 réis para a galeria. A representação desta peça foi englobada nos festejos da inauguração do Club Artístico da Vista Alegre. Foram intérpretes Henrique Cardoso Figueira, Fernando da Silva, Ângelo Chuva, José Lino, Vasco de Magalhães, Tolentino de Magalhães, António Batateiro e Zulmira da Silva que sobressaiu dizendo com elevado sentimento as passagens mais comoventes do drama. Além destas peças, escreveu “História duma Vida”, romance, em 13-03-1904 e “Busto de Mulher”, comédia em três actos, a 22-05-1904. Ainda muito novo, publicou o livro de versos “Livro da Alma” e o manuscrito “Amoroso Enleio”. Foi director do “Jornal d’Ilhavo”, iniciado em 1904, tendo como secretário Diniz Gomes e editor Abel Augusto d’Almeida. Personalidade nem sempre consensual, foi Administrador do Concelho em 1910-1912, altura em que foi demolida a antiga Capela das Almas, provocando muitas polémicas, sobretudo, no Jornal O Nauta. Nasceu em Espinheiro em 28-03-1869, baptizado pelo ainda Presbítero José Cândido Gomes d’Oliveira Vidal, filho de Manuel Tavares d’Almeida Maia e Joana Victorina dos Anjos, neto paterno de António Tavares d’Almeida e Rosa Maria Lebre e materno de Manuel Francisco e Luíza da Rocha, sendo padrinhos Daniel Augusto Regalla e N.S. do Rosário. Casou na Igreja Matriz de Ílhavo, em 22-09-1894 com Rosa Tavares de Almeida Lebre, cerimónia presidida pelo reverendo José Maria Regalla e tendo como testemunhas Daniel Augusto Regalla e António Pereira Ramalheira, sacristão da paróquia de Ílhavo. Deixou como descendente, a filha Sílvia Tavares Maia Quininha. Faleceu novo em 01-08-1919 com 50 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, num interessante jazigo familiar.
Rosa Tavares de Almeida Lebre ( 1874 - 1969 )
Era uma senhora muito culta e bonita, tendo até conquistado o 1º prémio num concurso nacional de beleza, no seu tempo. Fez os seus estudos no Convento de Cimo de Vila e foi aluna do Arcebispo Pereira Bilhano. Nasceu na Rua Nova em 30-06-1874, baptizada pelo Coadjutor Manuel Fortunato dos Santos Carrancho, filha natural de Joana Rosa Correia (a Taranta), sendo padrinhos o Reverendo José Cândido Gomes d'Oliveira Vidal e Maria Rosa Lebre. Do casamento com Samuel Tavares Maia em 22-09-1894, nasceu a filha Sílvia Tavares Maia Quininha. Faleceu em 11-09-1969 com 95 anos, estando sepultada no Cemitério de Ílhavo, no jazigo do Dr.º Samuel Maia.
Sílvia Quininha filha do Dr.º Samuel Maia e Rosa Tavares de Almeida Lebre
(Um agradecimento especial a Francisco Oliveira Faria, pela cedência das fotos)
Henrique Cardoso Figueira ( 1866 - 1941 )
Nasceu na Rua Direita em 16-07-1866, baptizado pelo ainda Prior José António Pereira Bilhano, neto paterno de José Cardoso Figueira e Maria Pires e materno de José António d'Oliveira e Maria Joana d'Oliveira, sendo padrinhos Prior José António Pereira Bilhano e Rosa Maria d'Oliveira. Empregado na fábrica da Vista Alegre durante mais de 50 anos, foi sobretudo um homem da cultura e uma figura simpática, tendo no teatro a sua maior paixão. Foi actor na revista ilhavense “O Francês das Notas, que se estreou em 4 de Setembro de 1924, no antigo Teatro de Cimo de Vila. Participou, também, em várias peças realizadas no Teatro da Vista Alegre, estando à frente do respectivo grupo cénico. Na vigência camarária de Diniz Gomes, foi vereador durante vinte anos, altura em que foi construída a Escola Primária da Rua Ferreira Gordo e também exerceu funções como Juiz de Paz. Passou pelos Bombeiros Voluntários, onde foi comandante durante vários anos. No dia do seu funeral, junto à sua sepultura, usaram da palavra Diniz Gomes e o Prof. José Pereira Teles, que enalteceram as qualidades deste Ilhavense. Era irmão do Reverendo José Cardoso Figueira, que paroquiou em Bragança durante vários anos. Filho de Luís Cardoso Figueira, natural de Tondela e Maria Joana de Oliveira, faleceu solteiro em 27-08-1941 com 75 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, em Jazigo de família.
José Nunes da Fonseca ( 1853 - 1934 )
Nasceu em Ílhavo, na Rua Direita, em 19 de Abril de 1853, filho de Manuel Nunes da Fonseca e Maria Luíza de Jesus. Foi professor da instrução primária nesta vila, ensinando gerações sucessivas, distinguindo-se pela criação das escolas dos Moitinhos e da Gafanha d’Aquém. Em 10 de Julho de 1895, casou com Maria Rosa da Conceição, ele com 42 anos, e ela com 25, na presença do Reverendo Coadjutor Domingos Ferreira Jorge. Deste casamento, nasceram as professoras oficiais Rosa, Maria da Conceição Fonseca (D. Micas Fonseca), Vicência Nunes da Fonseca e Dr. Manuel Nunes da Fonseca. Foi Director do jornal «A Escola Primária», que saiu em 05-05-1910, feito pelos seus alunos, na altura, Francisco António de Abreu, João Marques Ramalheira e João Pereira Ramalheira e impresso na Tipografia de «Os Sucessos», do Sr. Vilar. A saída deste jornal só foi possível, graças à grande ajuda dada pelo Prof. José Nunes da Fonseca e do Dr.º Frederico Cerveira, através duma subscrição efectuada na vila. Foi presidente da Junta de Freguesia, no ano de 1926. Faleceu em 13-01-1934 com 80 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Maria Rosa da Conceição Fonseca esposa de José Nunes da Fonseca)
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)
José Luís Mano Dias
Filho de José Maria Amendral Dias e Conceição Mano, foi um destacado professor do Ensino Secundário. Depois de aposentado, dava explicações na sua casa da Rua Direita. Muito reservado e sempre com uns óculos inconfundíveis, leccionou no antigo Colégio de Ílhavo e mais tarde nas novas instalações, onde hoje se encontra o CIEMAR. Foi seu professor da escola primária, João Marques Ramalheira, que também o ensinou a tocar violino. Este, foi adquirido em plena Rua Direita, quando antigamente (anos 30), apareciam por cá uns vendedores de instrumentos musicais, com preços muito em conta. Chegou a fazer parte da orquestra, com o compositor Ilhavense João Carola, Armando da Silva, Prof. João Marques Ramalheira e outros, nas cerimónias da Semana Santa, que se realizavam na Capelinha particular da Lavandeira, pertencente ao Padre Manuel Ribeiro. O trajecto de Ílhavo para a Lavandeira, era feito, naqueles tempos, num carro de um só burro! Faleceu em 27-02-1999, com 73 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
Palmiro da Silva Peixe ( 1901 - 1988 )
Nasceu na Rua do Arenal em 10-08-1901, sendo baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, filho de António da Silva Peixe (artista da Vista Alegre) e Maria de Jesus Fradoca, neto paterno de José da Silva Peixe e Josefa Pereira e materno de João Fernandes Parracho e Josefa Francisca, sendo padrinhos José de Augusto Leite e Joana de Jesus Fradoca. Foi um dos grandes Mestres de pintura da Vista Alegre, começando a trabalhar nesta empresa, como aprendiz, em 1913, sobe a égide de Cândido Silva. Chegou a emigrar para a América do Norte, regressando à sua Fábrica em 1921, onde permaneceu até 1975, altura em que se aposentou. Chegou a Mestre de Pintura em 1963. Em 1964 foi galardoado com uma medalha pelos seus 50 anos de trabalho na Fábrica da Vista Alegre, sendo também condecorado (Medalha de Mérito Industrial) pelo então Presidente da República, General Carmona. Do casamento em 30-12-1922 com Clotilde da Conceição Pereira, nasceram os filhos Marília Peixe e Victor Peixe, este também, um importante pintor. A Câmara Municipal atribui-lhe o nome duma Rua,na nossa terra. Faleceu em 07-04-1988 com 86 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
Victor Manuel Pereira da Silva (Victor Peixe) ( 1923 - 2008 )
Victor Manuel Pereira da Silva, mais conhecido por Victor Peixe, filho de Palmiro Peixe, foi um artista de desenho e pintura, especializado em pintura sobre porcelana, que nasceu em 11-08-1923. Trabalhou também em aguarela, crayon e óleo. Gostava, sobretudo, de fazer trabalhos sobre flores, tendo em conta as suas linhas aerodinâmicas. Apesar do pai não querer (seria melhor que enveredasse por uma profissão comercial), de facto, entra na Vista Alegre como aprendiz. Ao ter um problema pulmonar ainda jovem, seu pai ainda questionou o Eng.º João Teodoro, para que o filho pudesse ir para o escritório, mas recebeu a resposta: “não Sr. Palmiro, ele é filho de Peixe e também deve saber nadar”! Frequenta, durante um ano, a escola de João Cazou, aprendendo desenho. Este estudo cimentou e deu os alicerces para a sua futura arte. Ao fim de sete anos, abandona a Vista Alegre com 21 anos de idade e através duma carta que escreveu, propõe-se montar, ensinar e dirigir a industria Espanhola dos Álvares, em 01-04-1945, o que é aceite. No país vizinho, pintou para a esposa do Generalíssimo, D.Carmen Polo, para vários ministros e um jarrão para Evita Peron, que veio ilustrado na 1ª página do Jornal ABC. Deixou a Espanha muito a contragosto dos patrões. Vai então para o Brasil, S.Paulo, onde permanece durante quinze anos, dando aulas de pintura sobre porcelana, para senhoras da alta sociedade Brasileira e fazendo exposições dos seus trabalhos. Finalmente realiza o seu sonho de sempre, que era ir para os EUA, estabelecendo-se em Newark. Sendo na altura difícil conseguir o visto no passaporte, foi a intenção de ir visitar o Padre Capote, que lhe facilitou a entrada neste país. Aqui começou por trabalhar em azulejos e mosaicos para painéis de igrejas, passando depois para a empresa de porcelanas Lenox, na altura fornecedora da Casa Branca, colaborando na pintura dos serviços de jantar para os presidentes Nixon, Ford, Carter e Reagan. Permaneceu nesta empresa durante 23 anos, reformando-se então. Os últimos tempos são passados, sobretudo, no restauro de peças religiosas. Participou como actor, na revista escolar de Cimo de Vila “Com Papas e Bolos” em 02-04-1933, no Salão Cinema do Alto Bandeira e na “Galeota” em 01-12-1934, no Teatro Municipal de Cimo de Vila. Foi também ele o autor da pintura do painel existente na casa de petiscos A Gruta, com os versos "E as ondas do mar lambendo, o convés do teu veleiro, lembram carícias distantes, em rostos de marinheiro", de autoria do Eng.º António Picado. Filho de Palmiro Peixe e de Clotilde da Conceição Pereira, faleceu nos EUA em 21-05-2008 com 84 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Texto adaptado duma entrevista com Victor Peixe no programa Recordar É Viver, na Rádio Terra Nova, com João Madalena, João Aníbal e Manuel Teles, em 05-01-1993)
José Lourenço Catarino ( 1878 - 1955 )
Nasceu na Légua em 31-01-1878, baptizado pelo Prior João André Dias, sendo padrinhos Francisco dos Santos Barreto e Rosa Anadia Barreto, filho de José Maria Lourenço Catarino e Maria Rosa de Jesus. Do casamento com Maria do Carmo Redondo, em 03-10-1908, presidido pelo Presbítero José Francisco Corujo (Padre José Guerra), nasceram os filhos Leonilde Augusta da Graça Catarino Morgado (casada com Eduardo Morgado) e Rosa Berta da Maia Catarino Simões (casada com o Prof. Eduardo Rogério Simões). Fez o Curso do Magistério em Aveiro, em 1900, tendo exercido funções em Eiró (Arcos de Val de Vez), Santa Catarina em Vagos e na escola masculina Nº1, em Ílhavo, onde foi Director, tendo-se aposentado em 1941. Professor muito dedicado e competente, os seus alunos prestaram-lhe uma merecida homenagem em 1953, passando, a partir desta data, a reunir-se anualmente, num almoço de confraternização. Faleceu em 01-23-1955 com 77 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
João Gomes dos Santos Rigueira ( 1863 - 1946 )
Nasceu em 19-08-1863, baptizado na Igreja Matriz pelo ainda Prior José António Pereira Bilhano, filho de José Gomes dos Santos e Maria Joanna de Jesus (Joanna do Arrais). Do casamento com Maria Chocha Nunes do Couto, nasceram as duas filhas, Cisaltina e Maria Henriqueta Rigueira. Tinha uma loja muito conhecida na esquina da Praça da República, onde antigamente, numa das varandas do 1º andar, se fazia o Sermão, na Semana Santa, durante a procissão do Encontro. Faleceu em 16-11-1946 com 83 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Loja do Sr. Rigueira durante o Sermão da Semana Santa)
Manuel Figueiredo Vinagre
Natural de S. Pedro do Sul, veio muito novo para Ílhavo, como proprietário de um carro de praça. Homem empreendedor, estabeleceu uma carreira de autocarros entre Ílhavo e Aveiro e mais tarde passou a fazer parte da conhecida empresa Correia, Charlim & Vinagre. Filho de José Figueiredo Vinagre e Margarida Jesus Santos Rocha, faleceu em 02-02-1964 com 65 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Um dos primeiros autocarros da empresa Correia, Charlim & Vinagre)
(Maria Nunes da Cruz, esposa de Manuel F. Vinagre)
Júlio Gonçalves Figueiredo
Natural de Nogueira de Cravo, Oliveira do Hospital, tinha um estabelecimento de lanifícios na Rua Direita, onde morou a sua filha, D. Alicinha (parteira). Era casado com a professora D. Alice Nunes Vidal Corujo e foi Vereador Municipal, no 1º mandato de Diniz Gomes (1919-1926). Filho de José Gonçalves e Maria Benedita, faleceu em 02-10-1965 com 82 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Prof. Alice N. Vidal Corujo, esposa de Júlio Figueiredo)
Alice Ferreira Gonçalves Figueiredo ( 1908 - 1971 )
Nasceu em Ílhavo, na Malhada em 27-05-1908, filha de Alice Nunes Vidal Corujo e de Júlio Gonçalves de Figueiredo, neta paterna de José Gonçalves e Maria Benedita e materna de José Francisco Corujo e Joana Rosa Nunes Vidal. Excelente profissional, com muito boas relações de estima e simpatia, era parteira diplomada. Carinhosamente conhecida por «Alicinha Parteira», de dia, de noite, com chuva, com sol, perto ou longe, de táxi ou a pé, acudia imediatamente a todas as mulheres que requisitavam os seus serviços profissionais. Entre os anos 30 e 71, «aparou», com a sua eficácia e carinho, uma grande percentagem de ilhavenses, dado que ainda era bastante frequente, o nascimento acontecer em casa da parturiente. Faleceu em 23-11-1971, com 63 anos de idade estando sepultada no Cemitério de Ílhavo
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)
António Jorge Maia Godinho Marques ( 1938 - 1972 )
Nasceu em Coimbra a 05-01-1938, na Freguesia da Sé, filho de António Godinho Marques e Palmira Maia de Resende. Costumava passar férias na casa de família em Cabanões, Ovar, onde a sua veia musical desabrochava, tocando nas Trupes de Reis. Ainda muito novo, começa por ter lições com um barbeiro-guitarrista, Flávio Rodrigues, na Rua da Matemática, em Coimbra. A guitarra portuguesa (Coimbrã), instrumento de difícil aprendizagem, era a sua amante e tinha Carlos Paredes como seu grande ídolo. Apenas com 16 anos de idade, começa a fazer as primeiras serenatas, integrado num grupo que acompanha Zeca Afonso. A primeira vez que pisa um palco, acontece em 30-04-1954, na F.N.A.T., numa Festa de Finalistas da Escola Brotero e logo a seguir no Sarau dos Finalistas do Liceu. Frequentando o Liceu D. João III em Coimbra, aqui convive com os maiores nomes do fado dessa altura, participando em vários espectáculos musicais académicos, com outros estudantes já universitários. Entra para a Faculdade de Letras em 1959 e conclui o Curso de História em 1964. Como era seu desejo, frequentava, voluntariamente, o 4º Ano de Direito. Em 1955, Jorge Godinho integra o grupo de António Portugal, mostrando já uma enorme desenvoltura e beleza, no dedilhar da guitarra de Coimbra. No ano seguinte, com António Portugal, Manuel Pepe e Levy Baptista, surge o seu 1º EP intitulado “Fados de Coimbra”, para a voz de Zeca Afonso e em 1957, um grande êxito de vendas, com a saída dum disco de 33 R.P.M. do Quinteto de Coimbra, gravado em Madrid e com quinze edições de capa diferente. Neste ano, integra a Primeira Serenata de Coimbra transmitida em directo pela R.T.P., com Manuel Pepe, António Portugal, Levy Baptista e Luiz Goes, participando, também, numa gravação para a T.V.E.. O ano de 1958 fica marcado pelas várias digressões efectuadas, bem como uma gravação para a televisão americana, no Mosteiro dos Jerónimos. No ano seguinte, passa a integrar o grupo de Jorge Tuna e participa, como violista, no 70º Aniversário da Tuna Académica. O ano de 1960 fica marcado pelas gravações de “Sé Velha, Guitarras de Coimbra” e “Coimbra Orfeon of Portugal” e pelas digressões aos Açores, Angola e Moçambique. Em 60-61 fez parte da Direcção da Tuna Académica e em 1962/1963 surgem novas digressões pelo Brasil, E.U.A., Suécia e Paris, sempre com inusitado êxito, que se repetiu em 1964 no Algarve e numa rápida gravação em Paris, para acompanhar Germano Rocha, valendo um destaque na Revista Paris-Match. Como professor no Liceu Nacional da Figueira da Foz, criou um grupo de fados, tendo em conta todo o seu amor pelo fado de Coimbra. Em 11-09-1965 contraiu matrimónio com Ana Maria Lopes, de quem teve dois filhos, Pedro Jorge e Paulo Miguel. Foi professor de História e Filosofia no Liceu Nacional de Aveiro, leccionando também Filosofia, no Instituto Comercial de Aveiro. Participou activamente nas comemorações do 25º Aniversário do Illiabum Clube, organizando a Exposição “Divulgação Filatélica e Numismática”. Vem a falecer muito jovem, com 34 anos de idade, em 16-07-1972, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo. A guitarra Coimbrã, ainda hoje “chora” a perda prematura, deste relevante executante e professor, de qualidades pedagógicas e humanistas, ímpares para a época.
Domingos Custódio Amador ( 1928 - 2002 )
Nasceu em 14-02-1928, filho de João Ferreira Amador e Prazeres Custódia Gordinho, neto paterno de André Ferreira do Couto e Joana Maria da Silva e materno de João Ferreira Gordinho e Maria Custódia. Bairrista ferrenho, este conhecido comerciante ilhavense (Amadores & Filhos), fez parte dos Corpos Sociais dos Amigos do Museu, Associação Comercial de Aveiro, Bombeiros Voluntários e Illiabum Clube. Domingos Amador com Júlio Forte Homem, foram os responsáveis pela fundação do Basquetebol em Ílhavo. Pertenceu à 1ª Comissão Administrativa da C.M.I, logo a seguir ao 25 de Abril. Assumiu a função de Sub-Director do Jornal O Ilhavense, destacando-se a crónica “Vamos Indo e Vamos Vendo” e colaborou para vários periódicos. Foi autor do Livro Os Fenícios na Ibéria – Ílhavo – História das Raízes. Do casamento com Maria do Carmo Pinto Gateira Amador, nasceram os filhos Rui Alberto Pinto Amador e Maria Paula Pinto Amador. Faleceu em 28-08-2002 com 74 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
Viriato Antunes Rodrigues Franco ( 1891 - 1960 )
Nasceu na Vista Alegre em 12-01-1891, filho de Manuel Rodrigues Franco e Maria de Jesus. Casou com Maria Costa em 09-05-1913. Trabalhou, na fábrica da Vista Alegre, durante vários anos. Em 1949 foi condecorado pelo então Ministro das Obras Públicas, Eng.º Rui Urich, com a medalha de Cavaleiro da Ordem de Mérito Industrial e da fábrica recebeu uma medalha de Bons Serviços. Faleceu em 10-11-1960 com 69 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo
Teodoro dos Santos Redondo ( 1900 - 1965 )
Nasceu na Rua de S. António, em 14-06-1900, baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, filho de João dos Santos Redondo e Maria do Céu Caiada, neto paterno de José dos Santos Redondo e Ana Picada e materno de João Pereira Gateira e Josefa da Conceição. Foi um zeloso funcionário no Café Cândido durante muitos anos, sendo, na altura, um exímio criador de canários, cujas gaiolas, mantinha no pátio do referido café, alimentando-os à base de gema de ovo cozido. Faleceu em 15-03-1965 com 64 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
Isaura Pereira Luzio (Serroa)
(Lucinda, Isaura Serroa e Maria Pausinha - foto cedida gentilmente por Firmino Balacó)
Quem não se lembra do arroz doce feito pela Isaura Serroa? Era tradição oferecer-se uma travessa de arroz doce em datas assinaladas, como p.ex. baptizados, casamentos, comunhões e esta Ilhavense preparava-o duma forma sublime. Hoje perdeu-se este ritual e o arroz doce deu lugar a um qualquer bolo folhado adquirido nas várias pastelarias que por aí existem. No entanto, sabemos que muitas das nossas conterrâneas ainda o fazem com o sabor antigo, bem como o leite creme e a aletria! Nasceu em 22-03-1914 na Rua José Estevão, filha de João Luzio e Joana Simões Pereira, neta paterna de Josefa da Luzia e materna de Manuel Fernandes Rato e Conceição Simões Pereira, sendo testemunhas Joaquim Carlos Biu e Luís Carlos Bingre. Casou com João Ferreira em 05-12-1934. Faleceu em 14-12-1985 com 71 anos, estando sepultada no Cemitério de Ílhavo.
AS CAIADEIRAS E VENDEDORAS DO FATICO
Uma lembrança especial para aquelas mulheres muito populares de Ílhavo, que caiavam as casas antes das datas festivas (Sr.ª do Pranto, Páscoa e Sr.º Jesus dos Navegantes) e que o faziam duma forma exemplar, ou melhor, duma forma "escufenada". A cal utilizada, era feita com uma mistura de vários produtos, que permitia prolongar o branco por muito tempo. Ainda há em Ílhavo, quem saiba fazer esta mistura! Algumas também vendiam fatico na Feira dos 13, Vista Alegre, transportadas num camião com uma lona verde nas traseiras, que passava bem cedo pelas ruas da vila.
Maria do Carmo Galante, filha de João Maria Pereira Salgado e Maria Pereira Magano, faleceu em 15-07-1981, com 58 anos.
Emília de Jesus Silva, mais conhecida por Rola, filha de Joaquim Silva Vareiro e Maria de Jesus, faleceu em 13-07-1988, com 81 anos
Deolinda Caracola, mãe da Helena Caracola, filha de Bernardo Francisco Caramonete e Maria Joana Santos, faleceu em 03-08-1982, com 88 anos. Todas estão sepultadas no Cemitério de Ílhavo.
Francisco Santos (o Quintas)
(o 1º da esquerda)
Nasceu em Ílhavo no ano de 1923, filho de Maria dos Santos e teve como irmãos, Alice Santos, Armindo Santos e João Santos. Ainda muito novo, aprendeu a arte de barbeiro numa Instituição de Reinserção Social, estabelecendo-se na Rua do Casal. Foi contemporâneo do célebre Joaquim Borrão, com quem se dava muito bem. De palavra fácil, irreverente, por vezes ameaçador, praticamente toda a gente tinha respeito por ele. As histórias que ainda hoje perduram sobre o seu passado, não deixam de ser jocosas, inteligentes e incríveis! Segundo se consta, teria sido o então Prior Júlio Tavares Rebimbas, a intermediar a obtenção dum passaporte, com que emigrou para França. Continuou a ser barbeiro, constituiu família e em 1978, com 55 anos, foi encontrado carbonizado no seu automóvel, nunca se chegando a saber a verdade sobre o que aconteceu.
(Um agradecimento ao Firmino Balacó pela foto e dados sobre o Francisco Santos)
José Manuel Ribeiro da Silva (o Padinhas)
Mais conhecido pelo Padinhas, era uma figura típica de Ílhavo, sempre pronto para uma conversa escorreita com os amigos. Tinha como principal ocupação a construção civil, principalmente a pintura e caiação, esta, feita à maneira antiga, fazendo as misturas utilizadas na época, para obtenção duma cal resistente, duradoura e verdadeiramente branca. Filho de Manuel Guerra e Silva e Maria Licínia Ribeiro, faleceu duma forma trágica em 09-03-2003, com 57 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
António Manuel Pereira Serrão
Sportinguista ferrenho, foi barbeiro em Ílhavo e também na Costa Nova, durante o Verão, chegando também a trabalhar como operador de combustíveis. Tinha um excelente sentido de humor e uma panóplia de anedotas para contar aos amigos. De facto, nunca se tinha a certeza se as suas conversas eram sérias, ou puras anedotas! Filho de Joaquim Ferreira Serrão e Maria Simões Pereira, faleceu em 14-04-1986 com 55 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
António Carlos Ferreira dos Santos
Mais conhecido pelo Sr. Ireneu, foi uma figura muito popular e conhecida em Ílhavo, da Rua Serpa Pinto. Começou por frequentar a escola de desenho e pintura da Fábrica da Vista Alegre, trabalhando aqui durante pouco tempo, passando para a Igreja Matriz de Ílhavo, como sacristão, aconselhado por uma sua familiar. Seguiu-se a passagem como funcionário para a Câmara Municipal e mais tarde trabalhou para Sr.º Óscar Graça. Tinha um jeito inato para o desenho a crayon e pintura a óleo, existindo ainda alguns trabalhos seus. Do casamento com a Prof.ª Maria Rosa Ribeiro da Silva, nasceram os filhos David Manuel, António Júlio (Tó Ju) e Carlos Alberto. Filho de Ireneu Ferreira dos Santos e Maria José Silva Anadia, faleceu em 1987-02-07 com 62 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Maria Rosa Ribeiro da Silva)
João Paulo Gonçalves Cazaux
Natural da freguesia de S. João, concelho de Abrantes, casado com D. Virgínia de Jesus Almeida, foi um conceituado professor de desenho na Fábrica da Vista Alegre, onde trabalhou durante mais de 50 anos. Também escritor e jornalista, fundou o Jornal “O Trabalho”, de características instrutivas e moralizadoras. Ministrou durante longos anos o ensino do desenho na Fábrica e também, particularmente, na sua casa. Muitos dos seus alunos, viriam a tornar-se, mais tarde, grandes artistas e mestres dessa arte. Homem simples, bom e honesto, deixou saudades a todos que, com ele, conviveram. Filho de João Filipe Augusto Cazauz e Maria Apolinária Gonçalves, faleceu em 24-07-1953 com 82 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
José Manuel Quinteles São Marcos
Conhecido apenas por Zé Nuno, foi uma figura típica de Ílhavo. Sempre com o cigarro ao canto da boca, foi funcionário da Câmara Municipal. Benfiquista convicto, era também um adepto ferrenho da Música Nova. Para ganhar mais alguns “trocos”, engraxava sapatos durante o fim de semana, no centro da cidade. Filho de Manuel da Silva Manco e Júlia Fernandes Bizarro, faleceu em 07-11-2017 com 82 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo
António de Oliveira Lebre
“Anda sexta-feira à roda!!!” Era este o pregão que ecoava pelas ruas de Ílhavo, do António Lebre, mais conhecido por Sebastião cauteleiro. Com chuva ou com Sol, lá andava bem cedo, vendendo cautelas, pois na altura ainda não havia raspadinhas. Ao Domingo, tinha outra ocupação: engraxava sapatos, geralmente junto ao antigo Café Tamar. Filho de Maria de Oliveira Lebre, faleceu em 11-05-2007 com 80 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.