Tragédia em 3 actos de autoria do Dr. Samuel Maia representada pela primeira vez no Teatro da Vista Alegre em 28 de Março de 1903, por funcionários da Fábrica. Baseada num conto de Soldanelle, tinha como personagens:
Tito - Imperador Romano
Domiciano - Irmão do mesmo
Lúcio Flávio - patrício romano
Marco Nerva - idem
Cláudio Emílio - idem
Júlio - idem
Cornélio Fusco - da Guarda Pretoriana
Berenice - amante de Tito
Corina - cortesã romana
Lydia - idem
Sara - escrava Judia
Escravo - numida
TROUPE DRAMÁTICA RIBENSE (1904)
Não se trata de uma peça, opereta ou drama mas simplesmente de um grupo de teatro que existiu nas Ribas e que pela sua particularidade resolvemos inserir nestas linhas.
Esta casa de teatro nas Ribas foi inaugurada em 30 de Julho de 1904 com a exibição do drama em 3 actos "Um Erro Judicial" e a opereta "Os Trinta Botões". Tinha como actor director Carlos Rosa que, com Micas Testa, Quinhas e João Testa levaram à cena, durante alguns anos, várias peças de teatro neste pitoresco lugar ilhavense.
Drama em 4 actos do Dr. Samuel Maia levada à cena em 25 de Junho no teatro da fabrica da Vista Alegre. Foram intérpretes Henrique Cardoso, Fernando da Silva, Ângelo Chuva, José Lino, J. Rafeiro, Zulmira da Silva, Conceição Bingre e Silvina Catarino que fez o papel de Rainha Santa Isabel pela primeira vez que pisou um palco. O pano de boca foi pintado por João Cazaux. No final da representação foi oferecido pela D. Albertina de Gouveia ao autor da peça Dr. Samuel Maia, um bouquet de flores naturais com largas fitas de seda amarela, simbólicas da medicina, tendo preso um bonito alfinete de ouro.
Dr.º Samuel Maia
Esta opereta em três actos estreou-se a 6 de Agosto de 1905, pelas oito e meia da noite, no teatro da Vista Alegre. Foi seu autor o Dr. Samuel Maia com música original de Berardo Pinto Camelo.
PERSONAGENS:
Gregório, o Regedor Henrique Cardoso Apparício, o Boticário João Chibante Bonifácio, Morgado Ângelo Chuva Faneca, Criado do mesmo Vasco de Magalhães Albino, Praticante de Botica Fernando da Silva José dos Cortiços Francisco Barreto Zé barbeiro, Curandeiro João Sequeira Campónio M. Franco Thomé, Cantador João Carolla Rosinda, Filha do Regedor Conceição Bingre Gertrudes, Mãe da mesma Palmira Antunes Theresa, Criada do Regedor Adelaide Sequeira
Num dos intervalos cantou uma cançoneta Mário Procópio de Carvalho. Esta opereta tinha 17 números musicais de que destacamos, "Variações de clarinete pelo Regedor", "A Marcha das Palhoças", "Talão, Talão, Talim", "Hino do Casório", "Terceto do Pó, Pó, Chim, Chim", e "Grande Quadrilha e Galope Final". No 3º acto Francisco Barreto cantou uma lindíssima area de nome "Sonho d'Amor", musicada por mestre Berardo. Acompanhou a opereta a Orquestra da Vista Alegre
Drama marítimo em 3 actos também de autoria do Dr. Samuel Maia exibido pelas 16 horas do dia 1 de Janeiro no teatro da Fábrica da Vista Alegre e música original de Berardo Pinto Camelo. Os preços de ingresso variavam entre os 250 réis para as cadeiras e os 100 réis para a galeria. A representação desta peça foi englobada nos festejos da inauguração do Club Artístico da Vista Alegre. Foram intérpretes Henrique Cardoso, Fernando da Silva, Ângelo Chuva, José Lino, Vasco de Magalhães, Tolentino de Magalhães, António Batateiro e Zulmira da Silva que sobressaiu dizendo com elevado sentimento as passagens mais comoventes do drama.
Além destas peças o Dr. Samuel Maia escreveu:
História duma Vida - Romance (13-03-1904)
Busto de Mulher - Comédia em 3 Actos (22-05-1904)
Entramos nos anos 20, época riquíssima da cultura Ilhavense! A Ala dos Novos, o Clube dos Novos, a Pleiade Ilhavense, grupos criados por esta altura, movimentavam e de que maneira, a nossa pacata vila, com várias realizações de índole cultural. Note-se que em Fevereiro de 1920, a direcção do Hospital de Ílhavo transformou, em teatro, um dos compartimentos deste edifício, na expectativa de que fosse uma fonte de receita para a sua conclusão! Chegaram a actuar nele os grupos dramáticos de Verdemilho e Ascensio.
Mas também esta década trouxe alguns dissabores a muitos Ilhavenses, amantes das Artes! Foi vendido, em hasta pública, o Teatro Recreio Artístico (antiga loja dos Vizinhos, no Largo do Oitão), sede do Clube dos Novos, onde se realizaram espectáculos teatrais de alto nível, bem como festas e bailes. Este Teatro foi inaugurado em 6 de Fevereiro de 1876 com as comédias “Camões do Rocio” e “Um Marido Que É Vítima Das Modas”, a que assistiu o poeta Alexandre da Conceição, destacando-se, como actores, os Ilhavenses Manuel Eduardo Pereira, João da Conceição Barreto, João da Rocha Carolla e Rosa Gomes (excelente actriz Ilhavense daquele tempo). As pinturas que ainda hoje se podem admirar (mas…até quando será?), foram executadas pelos Ilhavenses Manuel Eduardo Pereira (o Paz Guerra), Gabriel Pereira da Bela e Amadeu Simões Teles (as ornamentações).
Teatro vendido...Teatro construído!!! Surge o Teatro Municipal de Ílhavo numa adaptação de antigas dependências do Convento, em Cimo de Vila, feita pela Câmara Municipal em que era presidente Diniz Gomes.
O Francês das Notas estreou-se a 4 de Setembro de 1924 (quinta-feira) pelas 21.30 horas, neste Teatro, em Cimo de Vila, data também da sua inauguração.
Os bilhetes postos à venda no Salão Arroja e Barbearia Sacramento esgotaram num ápice. A história da revista anda à volta de um francês (monsieur François d'Ête) endinheirado pelos negócios que mantinha numa companhia de guanos e, na visita que faz a Ílhavo, vai apreciando as coisas boas e más da nossa terra, bem como as belezas dos nossos costumes e tradições.
Dr. Augusto Bilelo, Dr. José S. Labrincha, Dr. Frederico de Moura, José Arroja Junior, Prof. José F. Matias Junior, Dr. Manuel Fonseca, Diniz Gomes, Ângelo Chuva, João S. Teles, Dr. João Rigueira, Vitor Rui Quaresma, Prof. José Pereira Teles, Dr. Manuel Guerra, Dr. António Redondo, Dr. Júlio Calixto, Evangelista Ramalheira, Prof. João Marques Ramalheira, Dr. José Malaquias, Manuel Sacramento, Teodoro Craveiro, D. Berta Ramalheira, D. Casimira Cajeira, D. Lucília Rigueira, Profª. D. Rosa Fonseca, D. Edmea Gomes, D. Isaura Gomes da Cunha, D. Dolores Machado, D. Eduarda Moura, D. Maria de Anunciação Vieira Moura, Profª D. Vicência Fonseca, D. Felicidade Guerra, D. Silvina Gomes da Cunha, D. Júlia Matias, António Magalhães, Henrique Cardoso, D. Leonilde Catarino, D. Lídia Cajeira, Profª. D. Nazaré Cruz, D. Rosa Rocha, D. Prazeres Barreto, D. Maria Guerra e D. Irene Nação
1- Profª Nazaré Cruz; 2 - D. Edmeia Gomes; 3 - D. Vicência Fonseca; 4 - Teodoro Craveiro; 5 - Dr. António Redondo; 6 - Diniz Gomes; 7 - Ângelo Chuva; 8 - Dr. Júlio Calixto; 9 - Dr. Frederico Moura; 10 - João Teles; 11 - Evangelista Ramalheira; 12 - Guilhermino Ramalheira; 13 - D. Rosa Fonseca; 14 - Dr. José Malaquias; 15 - Manuel Sacramento; 16 - Dr. Manuel Fonseca; 17 - Henrique Cardoso
A revista foi escrita pelo Prof. José Pereira Teles, João Teles e Prof. Guilhermino Ramalheira. A música (alguma adaptada, outra original) foi composta por Berardo Pinto Camelo, Guilhermino Ramalheira e José da Silva. Tinha dois actos e 5 quadros.
João Teles
Teodoro Craveiro
O guarda roupa foi confeccionado pela Profª Nazareth Cruz e Isaura Cunha e os cenários por Teodoro Craveiro e Dr. José Malaquias. A caracterização esteve a cargo de Ângelo Chuva, Palmiro Peixe e António Higídio. Adriano Guimarães foi o ensaiador.
Palmiro Peixe
Dr.º José Malaquias
Os actores (amadores) pertenciam quase todos à chamada Ala dos Novos, grupo que naquela altura se notabilizou por diversas acções culturais realizadas em Ílhavo:
Dr. Júlio Calixto (no Francês), João Teles (no Tinoco), Dr. José Labrincha, Henrique Cardoso, Aurora (na Carta do Banco e Café da Tarde), Berta Ramalheira (na Tricana Antiga), Maria Henriqueta (na Rua de Alqueidão), Silvina Cunha (na Berlinda), Felicidade Guerra (na Rua de Camões), Profª Vicência Fonseca (na Rua Nova), Eduarda Moura (no Manteu), Armanda Bichão (no Moleiro), Rosa Rocha (na Fonte da Muchacha), Júlia Matias (na Moleira), Casimira Cageira (no 1º Tipo), Maria Anunciação Vieira Moura (na Rua de Espinheiro), Dolores Machado (na Dança Antiga), Edmea Gomes (na Dança Moderna), Lucília Rigueira (na Dança Antiga), Profª Rosa Fonseca (na Dança Moderna), Arminda Bichão (na Dança Antiga), Irene Nação (no Tudo Sabe e na Pevide), Prazeres (no Tremoço), Lídia Cageira (na Dança Antiga), Leonilde Catarino e António de Magalhães (nas Bisbilhoteiras), Teodoro Craveiro (no Faz Tudo e Zé Ninguém), Dr. Manuel Bernardo Balseiro (no Videirinha), Victor da Graça (na Plêiade), Redondo (no Nada-Faz), Dr. José Malaquias (no Americano), Francisco Barreto (no Sport Ílhavo), João Rigueira (no Novo Rico), Matias (no Aldeão) e José Arroja (no Consumidor).
Henrique Cardoso Figueira
Cenas de maior sucesso: Carta do Banco, Tricanas, Lâmpada, Americano, Fontes, Galricho e Tarrafa, Capela das Almas, Café da Tarde e Apoteose Final.
Prof.ª Vicência Fonseca
Duas quadras da música "Lâmpada":
Digam depressa e sem demora
Se a nossa lâmpada já aqui mora
Ouvimos dizer mais d'essa vez
Que quem a traz é o Francês
Venham cá! Venham cá
Venham todos procurar
Nossa lâmpada adorada
Que nos vieram roubar.
Fizeram-se várias representações e em 26 de Dezembro deste mesmo ano, a revista volta remodelada no guião e nas músicas. Desta vez regeu a orquestra Diniz Gomes.
Entre os números musicais destacam-se "As Sombrinhas", "Americano", "O Tinoco", "O Café", "Tricanas", "Videirinha", "Manteu e Barrete", "Fontes", "Fado", "Tremoço e Pevide", "Costureiras", "Lapónio", "Clubes", "Padeiras" e "Lâmpada".Este parece-nos ser o alinhamento musical da 1ª representação, conforme as respectivas Coplas. Junto às partituras existentes, consta o número "As Sombrinhas", referente à 2ª representação da Revista:
NÚMEROS MUSICAIS DA REVISTA
1 Coro do Povo 2 Tricanas 3 Videirinha 4 Ruas 5 Nada Faz 6 Moleiros 7 Faz Tudo 8 Manteu e Barrete 9 Tudo Sabe 10 Dança Antiga 11 Monólogo dos P.P.P. 12 Carta do Banco 13 Americano 14 Zé Ninguém 15 Sport Ílhavo 16 Novo Rico 17 Coro Final 1º Acto 1 Floristas 2 Fontes 3 Fado 4 Sandálias 5 Marinheiros 6 Tremoço e Pevide 7 Costureiras 8 Corcova 9 Lapónio 10 Café da Tarde 11 Clubes 12 Padeiras 13 Lâmpadas 14 Coro Final 2º Acto
Ainda existem algumas partituras musicais desta revista, bem como os dois guiões da primeira e segunda representações.
No dia 2 de Abril de 1933 (domingo) no renovado Salão Cinema do Alto Bandeira, estreia-se esta revista infantil de feição regional, dos alunos da Escola Primária nº 2 de Cimo de Vila (Escola onde agora está instalada a G.N.R.), um guião de Machado da Graça e Guilhermino Ramalheira, com 24 músicas originais de Armando da Silva, Guilhermino Ramalheira e Duarte Gravato. É uma revista com um prólogo (escrito pelo Dr. Manuel Grilo), dois actos e 5 quadros, cenários de Palmiro Peixe, Machado da Graça e Amadeu Simões Teles e a colaboração, no guarda-roupa, aparatoso e de belo efeito, dos professores José Fernandes Matias e Manuel da Silva Vergas. O ponto esteve a cargo de Duarte de Pinho e regeu a orquestra Armando da Silva.
Os títulos dos quadros: “Em Pleno Recreio”, “Consertando as Redes”, “Desenhos Animados”, “Na Praça da República” e “Glória a Ílhavo –Apoteose”. O 1º acto decorre no Largo da Senhora do Pranto e na apoteose final presta-se homenagem aos vultos Ilhavenses de destaque, já falecidos
Prof.º Fernandes Matias
As receitas apuradas foram para auxílio da Cantina Escolar.
Alguns dos pequenos actores de então: José Luís Mano Dias, Víctor Peixe, Teodoro Redondo, José Sousa, Maria Rosário Pelicas, Maria Ângela (na “Costa Nova”), Fernanda Lopes, Dolores Agra, Isabel Figueiredo, Narcélio e Manuel Matias (nos “Visitantes”), Carlos, Sofia Chuvas, Maria Alexandra (na “Bandeira”), Mário Pitato (no “Belenense”), Marçal (no “Lápis”), Graziela Silveira (na “Escola Moderna”), Maria da Nazaré, A. Biu (no “Sal”), Zézé Capote, Ramos e António (nos “Compéres”), Manuel Carlos (no “João 28”) e outros.
Instrumental Inicial
"Coro de Recepção" (instrumental)
"Bandeira" voz de Maria Magano Vaz
"Teodoro" voz de Maria Magano Vaz e instrumental
"Guitarra" voz de Maria Magano Vaz e instrumental
"Coro Final do 1º Acto" (instrum.)
"Províncias" (instrum.)
"Costa Nova" (instrum.)
"Canção Triste" voz de Dolores Agra
Dois grupos dos pequenos actores de então - Fotografias aguareladas de Victor Peixe
Maria Alexandra Magano interpretou "A Bandeira"
Destaques para o monólogo "Piroleiro, piroleiro…", interpretado, superiormente,
por Victor Peixe (na altura com 9 anos de idade), “A Pena e o Tinteiro” com
Dolores Agra e Teodoro Redondo, “Abertura do 2º Acto”, recitado por Mário da
Memória, “Costa Nova”, por Graziela Silveira, “Romeiros”, com Maria da Nazaré e
Zézé Capote, no “Litro”, Corujo e na “Borracha”, Sofia Chuva
A revista sai fora de portas, representando em Águeda e no
Troviscal.
NÚMEROS MUSICAIS DA REVISTA
Compositor
0 Nº 0 ?
1 Coro de Recepção Duarte Gravato 2 Triste Duarte Gravato 3 Yó-Yó Armando da Silva 4 Caixa Escolar Duarte Gravato 5 Taboada Guilhermino Ramalheira 6 Cravos e Rosas Armando da Silva 7 Bandeira Duarte Gravato 8 Teodoro Guilhermino Ramalheira 9 Coro Final do 1º Acto Guilhermino Ramalheira 1 Pescadores Guilhermino Ramalheira 2 Províncias Guilhermino Ramalheira 3 Compasso e Régua Duarte Gravato 4 Lápis Duarte Gravato 5 Litro e Decalitro Armando da Silva 6 Leiteiras Armando da Silva 7 Costa-Nova Guilhermino Ramalheira 8 Sal Duarte Gravato 9 Lápis e Borracha Armando da Silva 10 Guitarra Guilhermino Ramalheira 11 Romaria Guilhermino Ramalheira 12 Escolas Duarte Gravato 13 Brasileiros Guilhermino Ramalheira 14 Apoteose Armando da Silva
Existem apenas todas as partes dos instrumentos, sem partitura e sem guião.
Grupo da Revista junto à antiga Escola de Cimo de Vila (fotos do autor)