Falar de Ílhavo, é falar do mar - do seu sussurro, da sua canção cujo eco se repercute pelos séculos além. Ílhavo e o mar andam tão unidos como o perfume às rosas e a inquietação à alma humana!
Ílhavo, meu lindo amor...
(João Marques Ramalheira In "Canção do Mar")
PRIMEIROS COMPASSOS DA PAUTA ORIGINAL DA "CANÇÃO DE ÍLHAVO"
Ílhavo, heróico poema,
Escrito em sangue no mar!
Tua canção é um tema
Que todos sabem cantar.
Terra de heróis marinheiros,
De heroísmo sem igual!
Sempre honrando em seus veleiros
O nome de Portugal.
Marinhas, Sol, tricaninhas
Azenhas sempre a chorar
Os sinos das capelinhas
Chamam o povo a rezar.
Ria sonhadora e esquiva
Que o mar não sabe entender
É ele quem lhe dá vida
No mar ela vai morrer.
Morre o Sol lá no poente
Num adeus emocionante
Diz adeus chorando à gente
Beijando o mar soluçante.
Ílhavo meu lindo amor
Noiva linda dos poentes
Brilhas e não tens fulgor
Não tens coração e sentes.
Moliceiros aprumados
Lembram gaivotas voando
São barcos estilizados
Ninfas esbeltas sonhando.
Céu azul noites serenas
Ao longe bramindo o mar
Canais planuras amenas
Velas ao longe a acenar.
Letra e música de João Marques Ramalheira ©
SAUDADES DA PRAIA (COSTA NOVA)
Costa Nova, linda praiaOnde o mar sabe cantar...Que lindas canções ensaiaQuando o Sol a vem beijar...
Oh Costa Nova do PradoComo é belo o teu luar...Anda sempre enamoradoPela ria e pelo mar...
Voz do mar, rumor perdidoDum amor que já passou...Dum amor desiludidoQue nem saudades deixou.
Voz do mar, voz da saudadeVoz de terror, tanta vez...Nela vive a ansiedadeDa alma do português
Em Setembro há romaria,Hei-de comprar uma flor;Hei-de cantar noite e diaÀ porta do meu amor.
E, quando a festa findar,E voltarmos p'ra cidade,Havemos, ambos, rezarUm rosário de saudade.
Letra e música de João Marques Ramalheira ©
A GRAVAÇÃO DO DISCO DE ÍLHAVO
Em 1959 data em que foi gravado o disco existia em Ílhavo a Agência Técnica (com instalações por cima dos correios e na Costa Nova), que se dedicava à publicidade sonora. Esta agência, propriedade de Manuel Vieira na altura funcionário da câmara, era conhecida por Rádio Faneca. Tinha como funcionário o carismático José Quinteles. Foi esta agência, com o empenhamento do presidente da câmara prof. José Lavado Corujo, que tomou a iniciativa de proceder à gravação de algumas canções e melodias de autores ilhavenses e interpretadas por artistas amadores da nossa terra. Este conjunto de canções fez parte de um sarau representado no antigo salão de festas do Illiabum Clube em 2 de Dezembro de 1958, por ocasião da passagem do seu XV Aniversário. Tomaram parte nesta festa prof. Rogério Simões, João e José da Madalena, Manuel Teles (locutor), Leonel Garrido, Eduardo Capote, David Rocha, Manuel Augusto, José Charlim, profs. João Marques Ramalheira e Guilhermino Ramalheira e um grupo de alunas do Externato de Ílhavo. O conjunto musical era composto por violino, rabecão, acordeão, guitarra e violas. A Canção de Ílhavo foi composta propositadamente para este sarau.
A primeira gravação (no salão de festas do I.C.) foi efectuada por Manuel Teles num simples gravador de bobines e apenas com o recurso de 1 microfone. Esta gravação foi levada ao Porto para audição da empresa que mais tarde faria a gravação final do disco e de nome Radertz. Como esta primeira maqueta não tinha qualidade para ser passada a disco, foi feita uma nova gravação. Aliás, para se comprovarem as fracas condições da primeira gravação, contam os artistas de então, que o cantar de um galo lá para os lados do Clube, provocou várias interrupções nos trabalhos: para se impedir a ressonância as janelas do salão tinham que ficar abertas, amplificando, assim, o cantar do galináceo. Alguém resolveu a interferência e no dia seguinte o grupo refastelou-se com um saboroso arroz de galo!
Saíram dois discos: o primeiro incluía "Desamparada" e "Risque", que, por questões de direitos de autor, tiveram de ser suprimidas, surgindo então o disco final com as seguintes composições:
Canção de Ílhavo (Letra e música de João Marques Ramalheira), voz de Leonel Garrido
Canção do Marinheiro (Música de João Marques Ramalheira/Letra de Manuel Francisco Grilo) da revista P´ra Inglês Vêr, voz de Leonel Garrido
Saudades da Praia (Letra e música de João Marques Ramalheira), voz de Guilhermino Ramalheira
Por Ti (Música de João da Madalena/Letra de António Picado), voz de Leonel Garrido
Mantas de Farrapos (Letra e música de João Marques Ramalheira) da revista A Galeota, Coro Feminino do Illiabum Clube
Publecito Viejo (Música de Lavado Corujo)
Corridinho de 1959 (Música de José da Madalena)
Sonhando (Música de José da Madalena)
CONJUNTO MUSICAL DO ILLIABUM CLUB - MIRA - 28-03-1959
Espectáculo realizado em Mira vila, no salão Aleluia, à noite, a convite do
insigne escritor Maia Alcoforado. O inicio deste espectáculo foi retardado
porque a maioria dos habitantes se encontrava numa missa da quadra pascal e só
esta terminada, é que o salão se encheu e pôde iniciar-se o sarau.
Da esquerda: Rosa Filomena Carola, Luísa Manuela Castro Corujo, Maria da Nazaré Bagão, Rosa Maria Venâncio Teles, Maria Teresa Castro Corujo e Júlia Maria Pereira Ruivo
Da esquerda: Rosa Filomena Carola (ausente no Canadá), Maria Teresa Castro Corujo, Maria Manuela Castro Corujo, Leonel Garrido, Rosa Maria Teles Venâncio, Maria da Nazaré Bagão e Júlia Maria Pereira Ruivo (ausente na Venezuela)
"Saudades da Praia"
Canção "Desamparada" incluída apenas no 1º Disco - Guilhermino Ramalheira
"Risque" incluída apenas no 1º Disco - Guilhermino Ramalheira
CANÇÃO DE ÍLHAVO NO CONCURSO RECORDAR AO VIVO BVI 1992